Goiânia (GO) - No domingo (24/1), o almoço da estudante Amanda Kennedy Rodrigues, de 18 anos, e do pai, o marceneiro Omar Kennedy Gomes, 49, foi especial. Eles comeram na Praça Universitária, em Goiânia, em frente ao local em que ela faz o 2º dia de prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Omar contou que acordou cedo para preparar almoço e lanches para a filha. Tudo para não correr o risco de atrasar. . De acordo com o ele, Amanda está fazendo o Enem pela primeira vez e sonha em cursar medicina. “Acordei cedo para ficar no pé dela. Ela demora para se arrumar. Estou mais ansioso que ela”, contou. Na marmita, havia arroz, feijão, frango e salada. O marceneiro ainda fez uma a mais para o caso de encontrar algum aluno despreparado. Emocionado, Omar conta que a filha é motivo de muito orgulho e inspiração. Ele disse que parou de estudar no 6º ano do ensino fundamental, mas que quer fazer um intensivo para também realizar a prova e entrar em uma faculdade. “Ela me inspira. Sempre estudou em escola pública. Agora, quero voltar a estudar e, quem sabe, fazer engenharia”, contou.
Mães esperam por filhos
Duas mães vão ficar à tarde toda sentadas em frente a uma universidade de Goiânia esperando os filhos terminarem a prova do Enem. As diaristas Lídia Pacheco, de 57 anos, e Almerinda Vieira Lima, de 49, se conheceram na portaria da Universidade Paulista e se uniram para fazer orações e mandar energias positivas aos filhos. "Vou ficar aqui esperando meu filho, orando e mandando energias positivas. A vaga de direito já é dele. O que eu não consegui na vida, ele vai conseguir. Um futuro, uma vida melhor que a minha" disse Lídia Lima.
Ansiedade
No segundo dia de provas, os estudantes em Goiânia chegaram preparados para enfrentar cinco horas de prova sobre ciências da natureza e matemática, mas o nervosismo estava nítido entre eles. A própria Amanda contou que se sentia ansiosa e com medo, principalmente por não ter conseguido se preparar como gostaria devido às inúmeras dificuldades impostas pela pandemia do coronavírus."Foi muito difícil estudar sem o contato próximo com os professores. Tirar dúvidas. Estou muito ansiosa e com medo. No último domingo eu não consegui administrar bem o tempo, mas vou lá lutar pelo meu sonho", disse. Os portões abriram pontualmente às 11h30 no prédio de ciência sociais e da saúde da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), no Setor Universitário de Goiânia. Houve pouca movimentação de pessoas nas portas dos locais de prova. No caso do primeiro dia do exame, 54% não compareceram aos locais de prova. Quem apresentou um atestado médico justificando a ausência no dia pode fazer o exame deste domingo e pedir reaplicação da primeira parte do teste. O prazo para essa solicitação é entre os dias 25 e 29 de janeiro e deve ser feita na Página do Participante. Os alunos goianos avaliaram o primeiro dia como fácil e coerente. Eles também elogiaram o tema da redação, que foi “O Estigma Associado às Doenças Mentais na Sociedade Brasileira”. Em uma visita à Goiânia durante a primeira fase do Enem, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, admitiu que houve dificuldades na aplicação da prova devido à pandemia e que os casos de alunos que foram prejudicados de alguma forma teriam a situação avaliada pelo governo.