A Polícia Federal ( PF ) indiciou a sexta-feira (8/10), o ex-candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) pelo crime de uso de documento falso. O influenciador postou nas redes sociais, na véspera do primeiro turno das eleições de 2020, um laudo que apontava falsamente o uso de cocaína pelo adversário político Guilherme Boulos (PSol). O documento foi posteriormente comprovado como falso pela Polícia Técnico-Científica de São Paulo. Marçal prestou depoimento por aproximadamente três horas na Superintendência Regional da Polícia Federal, localizada na zona oeste da capital paulista. Durante a oitiva, ele negou qualquer envolvimento direto no caso e alegou que o material foi postado por integrantes de sua equipe. A investigação, conduzida pela Polícia Federal e aberta após uma notícia-crime apresentada pelo PSol, tramita no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP). Uma perícia realizada pela Polícia Técnico-Científica do estado confirmou a falsidade do atestado médico divulgado por Marçal. Segundo o laudo pericial, “é falsa a imagem da assinatura em nome do médico ‘José Roberto de Souza’” que consta no documento, pois não apresenta as mesmas características gráficas dos padrões oficiais. Os peritos Nicia Harumi Koga, Marina Milanello do Amaral Pais e Raphael Parisotto concluíram que a assinatura questionada diverge da original quanto à qualidade de traçado e à velocidade de execução. “Quanto à qualidade de traçado, a principal divergência reside na velocidade de execução da assinatura questionada, cujo desenvolvimento é mais lento que o modelo oferecido”, destacaram. A análise ainda indicou diferenças na inclinação da escrita, no grau de habilidade gráfica, e em elementos como valores angulares e curvilíneos, ressaltando a inexistência de semelhanças entre a assinatura falsa e os padrões legítimos. Guilherme Boulos registrou um boletim de ocorrência no 89º Distrito Policial, no Morumbi, zona sul de São Paulo, em função do laudo falso publicado por Marçal. Além disso, a Polícia Federal abriu um inquérito para aprofundar a investigação. A defesa do influenciador argumentou à Justiça Eleitoral que a publicação do documento falso representou apenas “uma livre manifestação do pensamento”. Em manifestação protocolada no TRE-SP, os advogados de Marçal alegaram que ele “não fabricou nem manipulou o conteúdo veiculado, limitando-se a divulgá-lo de forma como foi expedido”. A defesa também afirmou que a publicação não comprometeu a integridade do pleito eleitoral, apontando que “se a propaganda veiculada tivesse causado danos ao equilíbrio do pleito, fatalmente o representante (Boulos) não teria avançado para o segundo turno”.
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