Terça-feira, 05 de
Novembro de 2024
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Justiça

Gusttavo Lima faz live com advogado e fala da venda de avião duas vezes

Gusttavo disse que o relacionamento dele com os sócios da Vai de Bet é apenas profissional.

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O cantor Gusttavo Lima em live com a mulher, Andressa Suita e o advogado Cláudio Bessa

30 setembro, 2024

Depois de ser indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa, o cantor Gusttavo Lima fez uma live no Instagram, nesta segunda-feira (30/9), para conversar com os seguidores. Com a ajuda do advogado Claudio Bessa, o cantor negou ser 'sócio oculto' da casa de apostas digital Vai de Bet e todos os outros pontos citados pela Polícia Civil de Pernambuco no inquérito. “Isso é loucura, eu nem sei porque estou passando por isso. É um assassinato de reputação”, disse Gusttavo. Reportagem feita pelo Fantástico, no domingo (29/9), revelou que a polícia acredita que Gusttavo Lima seja dono oculto de 25% da Vai de Bet. A explicação para isso é que, no final de 2023, a empresa fechou um patrocínio milionário com o Corinthians que acabou virando alvo de outra investigação em São Paulo. Segundo inquérito, em depoimento, um conselheiro do clube contou que o presidente do Corinthians falou por telefone com Gusttavo Lima e que o presidente afirmou — já naquela época — que o cantor era um dos donos da Vai de Bet. Gusttavo explicou que tem direito a 25% dos ganhos da empresa com o uso de seu nome e imagem, mas que essa é apenas uma particularidade de seu contrato. O cantor chegou a brincar que é um funcionário como qualquer outro. O Corinthians disse ao Fantástico que o caso está na Justiça e que o clube não trata mais de questões ligadas a essa empresa. Já André da Rocha Neto, sócio da Vai de Bet, disse ao Fantástico que o cantor tem direto a 25% da marca, mas que nunca foi sócio e jamais participou da administração.

Venda de aeronave
Polícia suspeita que Gusttavo Lima seja dono oculto de ex-patrocinadora do Corinthians. O Fantástico também apurou que Gusttavo Lima é suspeito de uma negociação irregular de duas aeronaves para empresários ligados aos jogos ilegais. Novos detalhes da investigação revelam que uma delas, um avião da Balada Eventos, foi vendida duas vezes (em um ano) para investigados na operação. Segundo a reportagem, a primeira venda aconteceu em 2023. Por US$ 6 milhões, o avião foi vendido para a Sports Entretenimento, que pertence a Darwin Henrique da Silva Filho, que ficou com o avião durante dois meses. Logo depois, se desfez da aeronave, alegando problemas técnicos. A investigação mostra que o contrato e o distrato foram emitidos no mesmo dia, 25 de maio de 2023. E que o laudo — que apontou a falha mecânica — foi feito depois do cancelamento da compra, dia 29 de junho do mesmo ano. Ao Fantático, Darwin Fiilho disse que a transação da aeronave foi lícita e regular. Segundo ele, a própria quebra de sigilo bancário confirma as informações prestadas. Em fevereiro de 2024, aconteceu a segunda venda: a Balada Eventos, de Gusttavo Lima, vendeu esse mesmo avião — dessa vez, para a empresa J.M.J Participações, do empresário José André da Rocha Neto, sócio da Vai de Bet, que também é alvo da operação. A venda aconteceu, segundo a polícia, sem nenhum laudo que comprovasse o reparo no avião. A transação de R$ 33 milhões envolveu ainda um helicóptero que também era da empresa de Gusttavo Lima e já tinha sido comprado por outra empresa de André Rocha Neto. Na negociação, o helicóptero voltou para o cantor. A investigação aponta que as empresas que compraram as aeronaves usaram tanto dinheiro legal quanto dinheiro ilegal, vindo do crime.

De acordo com o inquérito, o esquema funcionava assim:

O dinheiro do jogo do bicho, de jogos de azar e de bets legalizadas iam todos para um mesmo caixa. Lá, os valores lícitos eram misturados aos do crime. Para dar aparência legal e voltar ao mercado limpo, o dinheiro contaminado, segundo a polícia, foi usado na negociação das aeronaves. Sobre isso, Gusttavo Lima disse na live que não há irregularidades nos contratos da venda e que não sabia que uma das empresas era suspeita de crimes. "Eu não sei quantos aviões já tive. Mas a gente tem que explicar, porque comprar avião não é igual comprar carro (algo simples), afirmou. A defesa de Gusttavo Lima enviou uma nota ao Fantástico em que diz que os contratos foram feitos em nome das empresas com os seus representantes legais, o que afasta a possibilidade de lavagem de dinheiro. A defesa de Rocha Neto disse ao Fantástico que ele usou o helicóptero como parte de pagamento do jatinho da Balada Eventos.

Viagem para a Grécia
Conforme documento ao qual o g1 teve acesso, para embasar a ordem de prisão contra Gusttavo Lima, a juíza Andréa Calado da Cruz citou a viagem que o cantor fez com o casal José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Truta Henriques Rocha, sócios da Vai de Bet, de Goiânia para a Grécia. "Na ida, a aeronave transportou Nivaldo Batista Lima e o casal investigado, realizando o trajeto Goiânia – Atenas – Kavala. No retorno, o percurso foi Kavala – Atenas – Ilhas Canárias – Goiânia, o que sugere que José André e Aislla tenham desembarcado na Grécia ou nas Ilhas Canárias, na Espanha", diz o documento. O casal era considerado foragido, mas uma decisão também de Eduardo Guilliod Maranhão, na segunda-feira (23/9), acatou um pedido de habeas corpus feito pela defesa de Darwin Henrique da Silva Filho, dono da Esportes da Sorte, e estendeu a concessão da liberdade para outros 17 presos na operação. Durante a live, o ‘embaixador’ também esclareceu ter viajado para a Grécia no dia 1º de setembro e que, “não fazia ideia”, de que a operação aconteceria três dias depois. Portanto, não estava se adiantando para fugir da polícia. Com uma declaração em mãos, o advogado dele também afirmou que no vôo de volta ao Brasil os passageiros que voltavam com Gusttavo foram produtores, assessores e amigos. Gusttavo brincou que o investimento no próprio aniversário acabou sendo um 'presente de grego', diante de toda a repercussão negativa gerada. “Meu relacionamento com os sócios da Vai de Bet é de muito profissionalismo. Meu contato com eles é 100% profissional”, afirmou Gusttavo. Gusttavo também agradeceu ao carinho e apoio dos fãs. “A partir do dia 4 (de setembro) para cá eu fui surpreendido com tantas mentiras, com tantas suposições, com tantas fake news. Jamais trocaria minha paz por nenhum dinheiro desse mundo”, afirmou.

Show no Pará
O cantor voltou para Miami, nos Estados Unidos, depois de fazer dois shows em cidades do Pará. A informação foi confirmada pela assessoria do artista, que explicou que ele vai ficar com a família. O ‘embaixador’ fez shows em Marabá, na sexta-feira (27/9), e em Paraupebas no sábado (28/9). As apresentações foram as primeiras que o cantor fez após ter prisão preventiva decretada - e revogada - por suspeita de participação de um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo casas de apostas digitais; entenda mais sobre o caso abaixo. A defesa do cantor disse que recebeu “com muita tranquilidade e sentimento de justiça” a decisão que revogou a prisão dele. A equipe jurídica de Gusttavo afirma que ele é inocente e não tem envolvimento com o esquema investigado.

Entenda investigação contra cantor
Conforme a Polícia Civil de Pernambuco, os suspeitos de integrar o esquema de lavagem de dinheiro e jogos ilegais compraram duas aeronaves da Balada Eventos e Produções LTDA, empresa da qual Gusttavo Lima é dono. Os suspeitos também teriam viajado para fora do Brasil com uma terceira aeronave da Balada Eventos e Produções. As investigações também revelam que a empresa de Gusttavo Lima é investigada por dissimular a propriedade da aeronave Cessna Aircraft, modelo 560 XLS, apreendida no dia 4 de setembro deste ano também em meio à Operação Integration. Após a apreensão, o cantor usou as redes sociais para dizer que “não tem nada a ver” com o avião, alegando que ele foi vendido. A Polícia Civil também afirma que as empresas de Gusttavo Lima receberam cerca de R$ 49,4 milhões da Esportes da Sorte e da Vai de Bet desde 2023. A revogação da prisão de Gusttavo Lima foi decretada na última terça-feira (24) pelo desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Eduardo Guilliod Maranhão, que é relator do caso. Na decisão, o magistrado afirmou que as justificativas dadas para a ordem de prisão constituem "meras ilações impróprias e considerações genéricas".

Indiciamento
Reportagem feita pelo Fantástico, no domingo (29/9), revelou que Gusttavo Lima foi indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa no último dia 15 de setembro. Segundo o programa, agora, cabe ao Ministério Público decidir se denuncia ou não o cantor à Justiça.

Durante o cumprimento dos mandados da operação, a polícia apreendeu R$ 150 mil na sede da Balada Eventos e Produções, empresa de shows do cantor em Goiânia. Também encontrou 18 notas fiscais sequenciais, emitidas no mesmo dia e em valores fracionados por outra empresa do cantor, a GSA Empreendimentos, para a PIX365 Soluções (Vai de Bet, de acordo com a polícia), também investigada no esquema. De acordo com a polícia, são mais de R$ 8 milhões pelo uso de imagem e voz do cantor. O dinheiro vivo apreendido e as notas fiscais são, para os investigadores, dois indícios de lavagem de dinheiro. “É uma forma de lavagem, transitar o dinheiro através de várias pessoas físicas ou jurídicas, buscando não facilitar o rastreamento deles”, disse Renato Rocha, delegado geral da Polícia de Pernambuco ao Fantástico. O Ministério Público pediu mais informações antes de decidir se vai ou não denunciar o cantor. O advogado criminalista Rodrigo Andrade Martini explicou o motivo disso ao Fantástico. Segundo o especialista, a promotoria precisa ter certeza se Gusttavo Lima sabia ou não que o dinheiro usado em todas as transações investigadas era de origem criminosa.

Defesa respondeu o Fantástico

A defesa de Gusttavo Lima enviou uma nota ao Fantástico informando que o dinheiro no cofre da Balada Eventos era para pagamento de fornecedores. Quanto às notas sequenciais, diz que os valores foram declarados e os impostos, pagos. A defesa do cantor afirma ainda que o contrato com a PIX365 tinha cláusula anticorrupção e foi suspenso. A nota diz também que o cantor não é sócio da Vai de Bet. O contrato encontrado pela polícia indica que ele tem 25% de eventual venda da marca. Em relação ao investigado Rocha Neto, a defesa de Gusttavo Lima disse que ele esteve junto do empresário em alguns eventos em decorrência da relação comercial. Gusttavo disse que o casal deixou o navio no dia da operação e que voltou ao Brasil sem eles. Sobre o indiciamento do cantor, os advogados disseram que o envio de dinheiro para empresas de Gusttavo Lima, mediante contratos assinados, não constitui nenhum ilícito. A defesa mandou ainda uma nota complementar informando que a análise dos policiais apresenta falhas ao não considerar a data digital do distrato da compra de uma das aeronaves.

Rocha Neto

Quanto à movimentação financeira, Rocha Neto afirma que tem negócios diversificados e que sua família empreendeu e prosperou no ramo da construção civil, há décadas. Disse ainda que ele e a esposa hoje lideram a marca Vai de Bet. Rocha Neto afirma também que o primeiro contato com Gusttavo Lima foi para tê-lo como embaixador da Vai de Bet e que frequentaram eventos a convite dele. Um deles foi o aniversário do cantor, na Grécia, quando o casal teve a prisão decretada e não se apresentou.