Sábado, 27 de
Abril de 2024
Meio Ambiente

Pantera

'Pantera negra' trazida para Goiás para  reprodução embarca em avião para  Curitiba

Cacau chegou ao Instituto NEX, em julho de 2023, para uma tentativa de namoro e acasalamento com um macho da sua espécie. Animal é raríssimo

Foto: Thiago Lisboa/SMCS
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Onça rara é transportada de Goiás para o Paraná

23 março, 2024

A onça Cacau, fêmea da espécie onça-pintada melânica (pantera negra), deixou nesta quinta-feira (21), o Criadouro Conservacionista Instituto NEX, em Corumbá de Goiás e embarcou rumo à sua nova residência: o Zoológico de Curitiba (PR). Cacau é a primeira onça nascida no Refúgio Biológico Bela Vista, da Usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu, e está com 7 anos de idade. Além disso, ela é um dos últimos exemplares de onça melânica do bioma Mata Atlântica (animal raríssimo, infelizmente quase extinto). A onça chegou ao Instituto NEX, em julho de 2023, para uma tentativa de namoro e acasalamento com Oxóssi, um espécime macho de onça-pintada melânica do Cerrado. A tentativa de reprodução fez parte do Programa Nacional de Manejo Ex Situ da Onça-Pintada, coordenado pela Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (Azab) e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). "No geral, a onça-pintada está ameaçada e corre muito risco de extinção. Então, um dos nossos braços (de atividades) é a reprodução. O Oxóssi é superimportante, pois ele é uma onça-pintada melânica do Cerrado e a Cacau é uma onça-pintada melânica da Mata Atlântica. A priori, a gente respeita e não faz o cruzamento de espécies de biomas diferentes. Porém, como não existe nenhum macho melânico, em vida livre ou cativeiro na Mata Atlântica, para cruzar com a Cacau; a Azab decidiu misturar dois biomas”, disse Daniela Gianni, coordenadora de projetos do Instituto Nex. Entretanto, a reprodução entre as onças melânicas não deu certo, pois Cacau tem um cisto no ovário o que poderia atrapalhar a formação de óvulos e isso ajuda a explicar o motivo dela não ter ficado prenha. “A Cacau chegou em julho (de 2023), depois de muito trabalho e dessa união de esforços, vinda do Refúgio de Itaipu para se encontrar com o Oxóssi. Eles se deram super bem, mas viraram amigos. Geralmente, o macho chama o cio da fêmea e na Cacau isso não aconteceu. A gente sabe que o problema não é com o Oxóssi, pois ele já esteve com outras fêmeas e sabe cruzar. Então, decidimos fazer um exame de imagem na Cacau para ver como estava o sistema reprodutivo dela e vimos alguns cistos no ovário, o que pode ajudar a explicar porque o cio dela não desceu”, explica Daniela Gianni. Não é um laudo fechado. Isso não significa que ela tenha um problema sério e que não seja reversível. Nada disso! O importante é que a gente não desiste. Então, não é o fim nem para o Oxóssi e nem para a Cacau. Pode ser que a Cacau faça um tratamento ou uma cirurgia para esses cistos, mas nada descarta uma inseminação ou um cruzamento com um indivíduo macho melânico no futuro”, completa Gianni.