Os suspeitos de furtar e excluir mandados de prisão do sistema do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ) usaram senhas de ex-estagiários e de servidores, em Goiânia. Essas pessoas sumiram com um processo em papel de um condenado por tentativa de homicídio e depois excluíram o mandado de prisão diretamente no sistema. "Teve senha de ex-estagiários que não faziam mais parte dos quadros e o pessoal do TJ não cancelou. Eles usaram senha de gente que não estava mais e de gente que ainda estava, mas trabalhava em outro lugar. Os proprietários das senhas não têm qualquer envolvimento", explica o delegado. Três pessoas foram presas na segunda-feira (13/3), o suspeito que contratou o serviço para tentar se livrar da cadeia e dois intermediadores, que contrataram quem entrou no sistema e deletou os documentos. O nome do suspeito não foi divulgado. Por isso, o g1 não localizou a defesa para se manifestar sobre a prisão até a última atualização dessa reportagem. Há um quarto investigado. O delegado Gil Bathaus, que está com o caso, disse que tem o nome do suspeito, mas que agora vai investigar se esse nome é da pessoa que furtou o processo e deletou os documentos no sistema.
Sumiço de processo
Segundo as investigações, em outubro de 2019, alguém - ainda não identificado - foi ao Fórum de Goiânia e pediu para ver um processo. Na época, todos os processos eram em papéis. Algum tempo depois, a pessoa saiu do Fórum, sem que ninguém percebesse, levando um dos documentos. O homem que encomendou o furto voltou para a cadeia na segunda-feira durante uma operação da Polícia Civil. Ele tinha sido preso antes em 2018 por tráfico de drogas. No ano seguinte, já em liberdade, cometeu uma tentativa de homicídio e a Justiça expediu um mandado de prisão contra ele. Para não ser preso novamente, ele pagou para que o processo fosse furtado e o mandado de prisão fosse apagado do sistema do Tribunal de Justiça. O plano foi colocado em prática. Dia 21 de outubro de 2019, a pessoa contratada foi ao Fórum e sumiu com o processo. Dia 23, entrou no sistema do tribunal e conseguiu apagar o mandado de prisão. Mas, rapidamente, o Tribunal de Justiça percebeu o furto, inseriu novamente o mandado de prisão no sistema e, no dia 29, o homem que encomendou o serviço foi detido. Atualmente ele estava no regime semi-aberto, usando tornozeleira, e agora voltou para o presídio no regime fechado.