Quarta-feira, 27 de
Novembro de 2024
Direito & Justiça

Direitos Humanos

Pesquisa revela que população negra representa 71,8% dos inscritos no CadÚnico em Goiânia

O objetivo da pesquisa é nortear o desenvolvimento de ações de governo e políticas públicas

Foto: Reprodução
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O levantamento da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas (SMDHPA), foi feito em parceria com o Instituto Mauro Borges (IMB)

16 agosto, 2021

Por Venceslau Pimentel Filho

A Prefeitura de Goiânia realizou pesquisa que apresenta um extrato sobre a situação educacional e profissional da população negra goianiense inscrita no CadÚnico. O Cadastro é um instrumento que identifica e caracteriza as famílias de baixa renda, permitindo conhecer melhor a realidade socioeconômica dessa população. O levantamento da Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas (SMDHPA), foi feito em parceria com o Instituto Mauro Borges (IMB) e revelou que a população negra representa 71,8% dos inscritos no CadÚnico em Goiânia. Na base de domicílios a população preta representa 81,5% dos inscritos. O objetivo da pesquisa é nortear o desenvolvimento de ações de governo e políticas públicas que alterem o quadro atual e subsidiar a elaboração do Plano Municipal de Igualdade Racial. A Superintendência de Igualdade Racial já realiza desde o mês passado diálogos e consultas junto às secretarias de governo para a construção do plano em conjunto com o Conselho Municipal de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial. Dentre as principais pautas, estão o combate à evasão escolar, o direito à cidadania, segurança e educação. Uma série de conferências livres também serão realizadas para sua aprovação. “Com essa pesquisa, nós conseguimos ter um mapa localizado de onde estas famílias estão e como podemos combater a realidade que está imposta. O prefeito Rogério Cruz está comprometido em deixar uma marca na cidade de Goiânia. Um prefeito que sabe e sente na pele os desafios da população negra”, descreve a Secretária de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas, Cristina Lopes. De acordo com a secretária, algumas questões levantadas pela pesquisa merecem atenção.

Quando se observa a distribuição dos domicílios inscritos no cadastro único, de acordo com a faixa de renda per capita domiciliar, a representatividade da população negra aumenta nas faixas de renda inferiores:

87,9% domicílios em situação de extrema pobreza (até R$ 89,00);

88,2% domicílios em situação de pobreza (entre R$ 89,01 até R$ 178,00);

84,9% domicílios de baixa renda (entre R$ 178,01 até 1/2 S.M);

70,1% domicílios com renda per capita domiciliar acima de 1/2 S.M.

Quando são analisados os dados sobre educação e sobre emprego formal os resultados também são preocupantes:

Pesquisa mostra que 54% da população negra goianiense cadastrada no CadÚnico não possui nem o ensino fundamental somando o grupo sem instrução (19%) e o grupo com fundamental incompleto (35%); 64,7% da população negra goianiense trabalha por conta própria e apenas 23,7% com carteira assinada. A pesquisa também identificou famílias de 20 etnias indígenas que vivem em Goiânia. Conforme o Censo 2010 do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), Goiânia abriga hoje 1,3 milhão de pessoas sendo que 655 mil pessoas se classificam como “pretas” ou “pardas” – contingente que equivale à população negra e que corresponde a cerca de 50% do total. Estão registradas no CadÚnico 37% da população negra goianiense que representa um universo de 174.682 mil pessoas.