A família de Danilo Sandes, advogado assassinado no final de julho de 2017 após se recusar a participar de uma fraude na disputa por uma herança de R$ 7 milhões, acompanhou o julgamento dos acusados. A mãe da vítima viu dois executores do crime sendo condenados a mais de 25 anos de prisão. Emocionada, Luiza Sandes lamentou a morte do filho e o tempo de detenção. "É muito pouco para uma vida. Meu filho morreu aos 29 anos ele poderia ter vivido até 75, 80 anos e a pena foi de 25 a 26 anos. Quer dizer, é muito pouco por uma vida. Mas pelo menos não ficou impune", disse Luzia Sandes. Familiares acompanharam os dois dias de julgamento vestindo camisas com a foto de Danilo Sandes e com a frase "queremos justiça".O procurador Stalyn Paniago, que atuou como assistente de acusação, também falou sobre as penas. "Nós não temos nada a comemorar porque é uma vida que se foi, uma vida que foi ceifada, no entanto é um alento aos familiares, à sociedade e uma resposta do poder judiciário àqueles que insistem em cometer crimes de tamanha natureza", disse. O julgamento durou dois dias e condenou Rony Macedo Alves Paiva e Wanderson Silva de Sousa pela execução do crime . Conforme a sentença, Rony foi condenado a 25 anos, dois meses e 14 dias de prisão. A pena de Wanderson, que também é apontado como integrante de suposto grupo de extermínio, é de 26 anos, cinco meses e 14 dias, e ainda o pagamento de multa. A defesa de Rony informou que já interpôs a apelação e agora vai esperar a decisão do TJ sobre o caso. Ele está solto através de um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que deu o direito de começar a cumprir a pena somente após o trânsito em julgado. A defesa de Wanderson disse que irá recorrer da decisão nas instâncias superiores para tentar anular o julgamento. Também ressaltou que o julgamento foi parcial, devido ao apelo emocional que o caso gerou na população de Araguaína, e que tentou transferir o Júri para Palmas dias antes. O recurso também vai pedir que um novo júri ocorra em outro município. O farmacêutico Robson Barbosa da Costa, suposto mandante do crime, e o PM João Oliveira Santos Júnior ainda não foram julgados. O advogado Danilo Sandes desapareceu na manhã do dia 25 de julho de 2017. Na época um amigo disse à polícia que ele foi visto pela última vez em um supermercado. O advogado estava em uma motocicleta. A vítima foi procurada por quatro dias. O corpo dele foi encontrado às margens da TO-222 perto de entroncamento com Babaçulândia, a 18 km de Araguaína (TO). Conforme a perícia, Danilo Sandes tinha marcas de lesões, sangue e fogo. O delegado responsável pela investigação, Rerisson Macedo, disse que ele foi morto com dois disparos de arma de fogo.
Investigação
O advogado Danilo Sandes foi morto por causa da disputa por uma herança de R$ 7 milhões. A morte da vítima teria sido encomendada pelo farmacêutico Robson Barbosa da Costa, de 32 anos, que era cliente do advogado e parte em uma ação de inventário. A fraude teria beneficiado Robson, que ficaria com uma parte maior do patrimônio sem que os demais herdeiros ficassem sabendo. Investigações apontam que Danilo Sandes não quis ajudar o farmacêutico a esconder parte do dinheiro dos outros herdeiros. Ao todo, seis pessoas disputavam a herança. O advogado era responsável por fazer o inventário para toda a família, mas após a discussão deixou de representar Robson. Conforme o Ministério Público do Tocantins (MPTO), o descontentamento de Robson ocorreu durante o acerto dos honorários advocatícios. Danilo ingressou com ação judicial cobrando a dívida e obteve decisão que obrigou o farmacêutico a vender um caminhão para quitar a dívida. A partir daí, Robson teria passado a arquitetar a morte de Danilo. A investigação sobre a morte do advogado apontou que o crime foi executado, a pedido de Robson, pelo ex-PM Wanderson Silva de Sousa e o PM João Oliveira Santos Júnior, além de Rony Macedo, que seria um suposto pistoleiro. Os quatro foram indiciados pela Polícia Civil em novembro de 2017. Em 2018, a Justiça determinou que os acusados fossem a Júri Popular. Na época, Rony Macedo chegou a ser absolvido falta de provas, mas o Ministério Público Estadual (MPTO) recorreu. Em 2020, a 1ª Turma Julgadora da 2º Câmara Criminal reformou a sentença de primeiro grau e decidiu levar todos a júri popular. O Tribunal também entendeu que o crime foi praticado por milícia privada ou grupo de extermínio. Segundo o Tribunal de Justiça (TJ), Robson Barbosa da Costa e João Oliveira Santos Júnior recorreram e aguardam decisões de recursos.