Falar de Marília Mendonça para Teresa de Jesus Vieira, de 80 anos, avó da cantora, ainda é difícil sem que ela se emocione e precise fazer pausas para retomar o ânimo. A imagem da neta a chamando de "minha vózinha" está tão recente e presente que a idosa não teve coragem de voltar à casa da cantora depois que ela morreu, há um ano, num acidente de avião, o qual também causou a morte de Abicelí Silveira, filho de Teresa que trabalhava com a artista. "Esse ano foi de muita tristeza, meu coração dói até na alma. Esses dias eu fiquei chorando, relembrando deles, me dá muita saudade", desabafou Teresa. G1 Goiás e O Popular publicam uma série de reportagens especiais em homenagem a Marília, no 1º ano após a morte da cantora. Marília Mendonça morreu com 26 anos em um acidente aéreo. A cantora estava a caminho de um show marcado em Caratinga (MG), com o tio e o produtor Henrique Ribeiro. O avião caiu perto de uma cachoeira. Além dos três, morreram o piloto e o co-piloto. Marília e Abicelí foram enterrados em Goiânia. A notícia do acidente com o avião chegou para Teresa por meio de parentes, mas a confirmação da morte veio minutos depois, de forma traumática, segundo ela: pela televisão. "Eu vi quando liguei a televisão. Eu estava fazendo sabão, que eu gosto de fazer, estragou o sabão todinho, tive que jogar fora. Fiquei sem chão, não estava acreditando", se recorda a avó.
A sala da casa de Teresa, onde ela passa boa parte do dia, é um cantinho que ela separou para fazer uma homenagem pessoal para a neta e o filho. Viúva, a aposentada tem 5 filhos, sendo que dois morreram, 10 netos e 6 bisnetos. Na parede, tem fotos da Marília pequena, adolescente e junto com o cantor Murilo Huff, que é pai do filho da artista, além de imagens no início da carreira e até um travesseiro com imagem dela. Apesar da grande quantidade de shows, a avó conta que Marília a visitava sempre que podia. Como neta, a cantora era muito atenciosa e era um "pedaço de ouro", como a avó gosta de falar. Abicelí, assim como Marília, visitava a mãe toda vez que estava em Goiânia. Segundo a avó, a cantora e o tio eram muito próximos e viviam juntos em quase todos os lugares. "Ele [Abicelí] vinha direto me ver em casa. A Marília tinha o Abicelí como um pai, era o companheirão dela. E os dois acabaram morrendo juntos. Mostrando a casa ao receber a reportagem do g1 Goiás e do Popular, Teresa contou que o esposo, que morreu há três anos, deu o primeiro violão de presente para a Marília começar a tocar. O instrumento foi levado pela cantora durante mudança de residência. "Ela e o avô tocavam e cantavam juntos embaixo de uma árvore na rua aqui de casa. Aqui em casa, a Marília ficava muito quieta no canto, escrevendo as coisas dela. Assim, minha neta cresceu e virou uma grande mulher: forte e determinada", contou Teresa.
Avó de Marília Mendonça guarda fotos da cantora adolescente, do casamento da neta e do filho que morreu junto com ela, em Goiânia, Goiás — Sair de casa depois de tantas perdas virou um martírio para a idosa. "Muito difícil para mim sair daqui. Eu ainda ia à igreja, mas também não estou indo. Se quiserem me achar, é só vir aqui em casa, onde vivo as recordações do meu esposo, meu filho e da minha neta", comentou. A avó contou que Marília era muito próxima à família e, por isso, tinha espírito pacificador e solidário com as pessoas. A cantora gostava de montar cesta com alimentos e fazer doações para famílias necessitadas. "Mesmo depois da morte da Marília, a minha filha Ruth, mãe dela, continua com esse legado, fazendo as cestas e doando", ressaltou a avó.
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