"A gente está cheio de dúvidas e com o coração angustiado". Foi o que disse uma irmã de Pedro Henrique de Sousa Rodrigues, de 21 anos, uma das vítimas da chacina que aconteceu em Miracema do Tocantins. A onda de assassinatos após a morte de um sargento da Polícia Militar completa uma semana neste sábado (12/2). Entre as sete mortes, duas aconteceram dentro de uma delegacia após a unidade ser invadida por 15 homens encapuzados. Outras três pessoas foram executadas a tiros. Um jovem que estava com as vítimas sobreviveu. Até agora nenhum suspeito foi preso. O que se sabe até agora sobre a morte do PM e de mais seis pessoas em Miracema Entre as famílias que cobram respostas está a de Pedro Henrique de Sousa Rodrigues - jovem que foi encontrado morto ao lado de outros dois corpos em Miracema. Por medo, a irmã dele não quis ser identificada na reportagem. Ela contou ao g1 que toda a família está sofrendo com a morte. Segundo a moradora, o jovem era estudante e não tinha desentendimentos. "Não existia nenhum motivo para matarem meu irmão. Ele era um jovem como muitos. Gostava de brincar, de beber, e era muito família. [...] A gente sabe a índole do Pedro Henrique, sabemos quem ele era. Apesar que nada justifica tirar a vida do outro, não existia nenhum motivo para matar meu irmão", disse. A mulher disse que antes do crime Pedro Henrique esteve em Palmas, na casa de um irmão, onde ficou por cerca de dois meses, como costumava fazer. Ele tinha retornado para Miracema na sexta-feira (4), um dia antes de ser encontrado morto. Os outros jovens assassinados no mesmo local são Aprigio Feitosa da Luz e Gabriel Alves Coelho. A Polícia Civil confirmou que as vítimas não tinham histórico criminal. A irmã acredita que Pedro Henrique tenha sido abordado quando voltava para a casa da mãe. "Naquele dia ele saiu para ir para a casa de um irmão. Eles eram muitos ligados. Na sexta-feira ele também jogou bola e ficou com o irmão até meia-noite. Ele [irmão] ainda pediu para o Pedro Henrique não ir embora e dormir lá, mas ele disse que queria ir para casa porque tinha acabado de chegar de viagem", contou. Após uma semana, nenhum suspeito foi preso e as famílias pedem justiça. "Está difícil passar por isso tudo que aconteceu. Uma semana a família não se recompõe de tudo isso. A investigação é sigilosa e a gente não sabe de nada. A gente espera uma resposta sobre isso", disse a irmã.
O caso
Tudo começou na noite da última sexta-feira (4/2), quando o 2º sargento da Polícia Militar, Anamon Rodrigues de Sousa, de 38 anos, morreu durante uma troca de tiros. Após o crime houve uma sequência de mortes. Seis pessoas foram assassinadas. Entre os mortos está Valbiano Marinho da Silva, de 39 anos, suspeito de matar o policial. Ele foi assassinado em casa. Horas depois o pai e irmão dele foram mortos a tiros dentro da delegacia da Polícia Civil de Miracema por 15 homens encapuzados e armados. Vídeos mostram parte dos depoimentos de pai e filho momentos antes do ataque acontecer. Outros quatro jovens foram baleados na cidade. Destes, três morreram e um sobreviveu ao ataque. As vítimas que não resistiram são: Pedro Henrique de Sousa Rodrigues, Aprigio Feitosa da Luz e Gabriel Alves Coelho. Os três foram foram executados com um tiro na cabeça cada um e os corpos foram encontrados por volta de 10h de sábado (5) em Miracema. Nenhum tinha passagem pela polícia. A Polícia Civil informou que "não tem medido esforços para esclarecer todos os aspectos dos episódios ocorridos na última semana em Miracema".