Terça-feira, 23 de
Abril de 2024
Mundo

Conversas com o demônio

Papa nomeia cardeal Damasceno como interventor para o Arautos do Evangelho, grupo tradicionalista católico

Os "Arautos" ficaram conhecidos por praticarem exorcismos para atrair pessoas. Em 2017, o grupo começou a ser investigado por causa de um vídeo em que relatam uma suposta conversas com o demônio

Foto: Thiago Leon/Santuário Nacional de Aparecida
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Dom Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida do Norte

28 setembro, 2019

Vaticano ( Roma/Itália) - O Papa Francisco nomeou o cardeal Dom Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida (SP),  como comissário do Arautos do Evangelho, grupo tradicionalista católico. O cardeal vai acompanhar várias atividades do grupo, segundo o site "Vatican News". Os Arautos do Evangelho são uma associação internacional fundada em 2001 pelo monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, ex-membro da associação católica tradicionalista brasileira TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade). Os "Arautos" ficaram conhecidos por praticarem supostos exorcismos para atrair pessoas para seu movimento. Ultraconservadores, são reconhecidos por vestirem um hábito marrom e branco com uma grande cruz no peito, semelhante à de cavaleiros medievais. Em 2017, o monsenhor Clá Dias renunciou ao cargo de presidente do grupo em meio a uma investigação lançada pelo Vaticano. A Igreja apurava um vídeo em que os "Arautos" relatam uma suposta conversa com o demônio. Naquele ano, a Igreja fez uma visita apostólica à instituição. A nomeação de Dom Raymundo Damasceno vem depois de uma análise feita sobre as visitas, segundo o "Vatican News". "As motivações para a visita apostólica e agora a decisão de nomear um Comissário para os Arautos estão ligadas ao estilo de governo, à vida dos membros do Conselho, à pastoral vocacional, à formação de novas vocações, à administração, à gestão das obras e à recuperação de recursos", disse o site. O texto publicado também destaca que a nomeação de Dom Raymundo "não deve ser considerada como uma punição", mas sim uma "iniciativa destinada ao bem das instituições comissionadas para procurar resolver os problemas existentes".