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Em carta a Lula, 30 ex-chefes de Estado pedem que Brasil pressione Venezuela

A oposição venezuelana afirma que González saiu vitorioso com base na contagem das atas eleitorais

Agência Brasil
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Lula não reconheceu a vitória de Maduro nem de González

05 agosto, 2024

Em uma carta enviada ao  presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira (5/8), 30 ex-chefes de Estado e governo da Espanha e de países da América Latina pediram que o mandatário brasileiro pressione a Venezuela e garanta o compromisso com a democracia. "Os ex-Chefes de Estado e de Governo que subscrevem esta mensagem, membros da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (IDEA), exortamos a Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República Federativa do Brasil, a reafirmar seu inquestionável compromisso com a democracia e a liberdade, as mesmas de que gozam seu povo, e a fazê-la prevalecer também na Venezuela", diz trecho da carta. O documento foi assinado por membros do grupo Idea, um fórum formado por 37 ex-líderes internacionais. Entre os signatários estão os ex-presidentes Maurício Macri, da Argentina; Álvaro Uribe e Iván Duque, da Colômbia; Vicente Fox, do México; Guillermo Lasso, do Equador; e Carlos Mesa, da Bolívia. Embora o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também faça parte do grupo, ele não assinou a carta endereçada a Lula. Na semana passada, o grupo Idea já havia enviado uma outra carta ao presidente Lula, solicitando que ele reconhecesse a vitória do candidato opositor Edmundo González, porém, o petista não o fez, tampouco a vitória de Nicolás Maduro, segundo o órgão eleitoral venezuelano. Na semana passada, Lula cobrou do governo venezuelano a divulgação das atas eleitorais, documentos que comprovam o resultado em cada local de votação. "É normal que tenha uma briga. Como resolve essa briga? Apresenta a ata", disse Lula. A oposição venezuelana afirma que González saiu vitorioso com base na contagem das atas eleitorais.  Os Estados Unidos, a União Europeia e outros países também reconheceram a vitória do adversário de Maduro. No sábado (3/8), uma contagem independente das atas eleitorais realizada pela agência de notícias Associated Press (AP) confirmou que o candidato opositor ganhou a eleição da semana passada com uma margem de 500 mil votos. "O que está acontecendo é um escândalo. Todos os governos americanos e europeus sabem disso. Admitir tal precedente prejudicará mortalmente os esforços que continuarão a ser feitos com tanto sacrifícios nas Américas para defender a tríade da democracia, do Estado e dos direitos humanos. Não exigimos nada diferente do que o próprio presidente Lula da Silva preserva em seu país", diz outro trecho da carta da Idea.

Atas divulgadas
As atas de votação das eleições da Venezuela, que ocorreram no dia 28 de julho, foram coletadas pela oposição e divulgadas, com dados atualizados, no domingo (4). Os mapas da contagem mostram que o opositor Edmundo González venceu a disputa contra o presidente Nicolás Maduro com uma vantagem de quase 4 milhões de votos. A Comissão Nacional Eleitoral (CNE), um órgão controlado por Maduro, anunciou que o presidente foi reeleito, mas não apresentou nenhuma ata de votação depois de sete dias. De acordo com a oposição, as atas de votação foram recolhidas manualmente. Até a tarde de domingo, eram 7,15 milhões de votos para González, o que representa 67% do total, e 3,24 milhões para Maduro, o que indica 30%. Outros candidatos representaram 261 mil votos, ou 2,45%.