O corpo da carioca Karla Stelzer Mendes foi enterrado ontem sexta-feira (13/10) em uma cidade no Sul de Israel. A morte dela foi confirmada mais cedo pelo embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, em entrevista à GloboNews. Ela estava na festa rave que foi atacada no último sábado (7/10) pelo Hamas. A festa acontecia perto da Faixa de Gaza. A brasileira estava com o namorado, o israelense Gabriel Azulay. O corpo dele foi encontrado na quarta-feira (11/10). A carioca chegou a mandar um áúdio para uma amiga enquanto tentatava se esconder. "Vieram os terroristas, jogaram bomba. A gente saiu correndo. Eu tô aqui no meio do mato com outras duas pessoas e o Gabriel. E com medo de ninguém vir, matar a gente."
Quem era Karla Stelzer
Karla foi morar no país do Oriente Médio há mais de dez anos em busca de uma vida melhor. Era apaixonada pela capoeira e torcedora do Botafogo e descrita por amigos como uma pessoa alegre e dedicada. “Era uma pessoa cheia de vida, que amava viver, amava a liberdade acima de tudo. Uma pessoa ímpar. Uma pessoa que corria atrás dos sonhos, dos objetivos. E que, infelizmente, teve a vida ceifada nessa guerra terrível que está acontecendo", disse Igor Teixeira, o Mestre Esquilo, amigo de infância da brasileira. Ele conta que Karla nasceu na cidade do Rio mas se mudou para Saquarema, na Região dos Lagos, ainda criança. Lá, os dois se conheceram e ela começou a praticar capoeira para acompanhar o amigo. Tempos depois, o professor dos dois foi morar em outro estado e ela passou a ser aluna do amigo, já conhecido como Mestre Esquilo. Ao longo do período em que ela deixou o país, seguiu mantendo contato com os amigos do Brasil. “Ela saiu daqui com a intenção, como a maioria dos brasileiros que deixam o país, em busca de mais oportunidades”, disse Igor. A capoeira também não foi abandonada, pois Karla costumava treinar de maneira remota. No meio da capoeira era conhecida como Karla Muzenza e era instrutora. Mestre Esquilo conta que sabia que a amiga participaria da festa Universo Paralello por conta dos contatos com ela. Quando soube que a festa foi invadida pelo Hamas, ficou tenso e tentou contato. “Desde o primeiro momento que eu vi que a festa tinha sido invadida, eu mandei mensagem para ela, que não me respondeu”, contou. A brasileira deixa um filho de 19 anos que está servindo o Exército de Israel.
Morte depois de rave
Além de Karla, os brasileiros que morreram durante o ataque do Hamas foram o gaúcho Ranani Nidejelski Glazer e a carioca Bruna Valeanu. Os três estavam em uma festa rave, a Universo Paralello, ao lado de 3 mil pessoas, quando o Hamas deflagrou o ataque terrorista. Segundo o governo israelense, 260 foram assassinados no local. Karla tinha um filho, que faz parte do Exército local. As últimas mensagens enviadas para a família foram na manhã de sábado (7/10), no começo do ataque terrorista do Hamas.
Veja abaixo quem são os outros brasileiros mortos:
Bruna Valeanu
Bruna Valeanu tinha 24 anos e vivia em Israel há oito. A jovem estudava comunicação e marketing. Lá também moram a mãe e a irmã mais velha, Florica. Outra irmã, Nathalia, permaneceu no Rio de Janeiro. Das três, Bruna era a que mais sabia falar hebraico - o idioma foi mais uma dificuldade na busca de informações. “Ela [Bruna] foi para esta festa, estava com um grupo grande de amigos, muitos brasileiros e israelenses. Ela acabou se separando, na hora do ataque, das outras amigas dela, que já se salvaram. Ela ficou em um grupo onde estava o Liam, um amigo do trabalho, que é israelense”, contou Nathalia. A família de Bruna Valeanu confirmou a morte da jovem no fim da manhã desta terça-feira (10), depois que o Exército israelense comunicou ter encontrado o corpo da estudante.
Ranani Glazer
Ranani Nidejelski Glazer nasceu em Porto Alegre e tinha 23 anos. Morava há sete anos no país e tinha cidadania israelense. Ranani chegou a prestar serviço militar em Israel. Ele vivia em Tel Aviv com amigos e trabalhava como entregador. O brasileiro Rafael Zimerman contou que estava na rave ao ar livre com Ranani e a namorada do gaúcho, Rafaela Treistman, quando a invasão começou e eles conseguiram se refugiar em um bunker, mas o local foi invadido. Ele não sabe em que momento o amigo se perdeu.