Segunda-feira, 25 de
Novembro de 2024
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Ilegalidade

Dentista é indiciado por exercício ilegal da medicina e lesão corporal após paciente perder parte do nariz depois de cirurgia estética

Procedimento para afinar o nariz pode ser feito apenas por médicos. Esteticista teve parte da pele necrosada, precisou passar por diversas cirurgias e ficou com cicatrizes

Foto: Elielma Carvalho/Arquivo Pessoal
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Antes e depois da cirurgia no nariz de Elielma Carvalho

23 janeiro, 2023

O dentista Igor Leonardo Soares Nascimento foi indiciado pela Polícia Civil por exercício ilegal da medicina e por lesão corporal após uma paciente denunciar que perdeu parte do nariz depois de fazer um procedimento estético com ele em Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana da capital. A cirurgia feita, conhecida como alectomia, usada para afinar o nariz, não pode ser feita por dentistas. A vítima precisou fazer diversas cirurgias para reconstrução e ficou com cicatrizes. A esteticista Elielma Carvalho Braga fez o procedimento em junho de 2020, após ver anúncios do dentista na internet falando que fazia a alectomia. Inicialmente, ela acreditou que o procedimento tinha dado certo. Porém, nos dias seguintes, ela começou a sentir fortes dores e alterações no rosto. “Meu rosto começou a queimar. No outro dia ficou cheio de bolha, como se fosse queimadura”, contou.
O g1 tentou contato por ligação e mensagem às 6h35 com o dentista nesta segunda-feira (23), mas não teve retorno até a última atualização dessa reportagem. Na época em que foi denunciado pela paciente, Igor Leonardo disse que o problema não foi decorrente da cirurgia, e sim uma síndrome desenvolvida após uso de medicamentos, o que causou a necrose. Ele afirmou ainda que deu todo atendimento à paciente. Em julho de 2022, Elielma decidiu denunciar o caso publicamente. Ela teve uma necrose no lado direito do nariz. Após perder parte da pele, precisou fazer mais de dez cirurgias e ficou com cicatrizes, abalando sua autoestima. “Eu tenho vergonha, porque a gente faz uma coisa para melhorar um pouco e a pessoa faz isso. Ele destruiu minha autoestima. Eu choro, não é fácil o que eu vivo hoje”, disse ao g1 na época. O g1 entrou em contato com os conselhos regionais de Medicina e Odontologia por e-mail às 6h45, mas não teve retorno até a última atualização dessa reportagem.

Investigação
A Polícia Civil disse que o inquérito contou com documentos dos conselhos, tanto regionais quanto federais, de Odontologia e Medicina, além de exames das lesões da vítima. A investigação apontou que o dentista, mesmo não tendo a formação necessária, fez a cirurgia e causou uma lesão corporal gravíssima na paciente. Além disso, por fazer um procedimento cirúrgico exclusivo para médicos, foi indiciado por exercício ilegal da profissão. Por fim, a polícia disse que o dentista fazia os procedimentos de maneira habitual e que, em 2021, foi registrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) contra ele pelo mesmo crime.

Alectomia
A alectomia é feita para reduzir as asas nasais. A técnica é, teoricamente, simples: com uma anestesia local, o profissional corta um pedaço dessas estruturas que circundam as narinas e fecha com pontos. O Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) disse na época da denúncia que o procedimento é um ato médico e, portanto, “deve ser realizado apenas por médicos”. A entidade disse o combate ao exercício ilegal da medicina tem sido feito com rigor. O Conselho Regional de Odontologia informou, também em 2022, que “os cirurgiões-dentistas têm autorização para a realização de procedimentos estético-faciais, desde que não sejam cirúrgicos puramente estéticos” e que a alectomia nunca esteve entre os procedimentos listados como permitidos para cirurgiões-dentistas. Já uma resolução de agosto de 2020 proibiu expressamente a realização de alectomia por dentistas.