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Caso Marielle: quem são os suspeitos de mandar matar a vereadora

Três supostos mandantes do crime foram presos durante operação da Polícia Federal no início deste domingo (24/3)

Renan Olaz/ Câmara Municipal do Rio de Janeiro
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Marielle Franco, vereadora assassinada em 2018

24 março, 2024

No início deste domingo (24/3), foram presos os irmãos Domingos Inácio Brazão e  João Francisco Inácio Brazão, além de Rivaldo Barbosa,  apontados como mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, que foi morta em março de 2018 com o motorista Anderson Gomes. Os irmãos são políticos com longa trajetória no estado do Rio de Janeiro, e a família Brazão, historicamente, tem reduto eleitoral e político em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. A região é dominada por grupos paramilitares. Já Barbosa, o terceiro preso na operação conjunta da Procuradoria Geral da República, do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Federal, é ex-chefe da Polícia Civil fluminense.

Domingos Brazão
Domingos Brazão é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) e teve prisão preventiva expedida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Devido ao cargo, ele tem direito a foro especial. Na década de 1990, Brazão trabalhou na Câmara dos Vereadores do Rio como assessor parlamentar e foi eleito para um cargo público pela primeira vez em 1996, conseguindo uma cadeira na Câmara de Vereadores do Rio. Depois, ele foi eleito como deputado estadual e ficou na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) por cinco mandatos consecutivos, entre 1999 e 2015. Neste último ano, ele foi indicado e eleito por ampla maioria na Alerj para uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado (TCE), deixando o MDB. À época, ele era réu em um processo de abuso de poder econômico e compra de votos por meio de centros sociais de sua família na Zona Oeste do Rio. Brazão também se livrou de uma queixa-crime feita pela então deputada estadual Cidinha Campos ao Tribunal de Justiça do Rio, quando ambos trocaram insultos no plenário da Alerj, em 2014. Enquanto esteve na Alerj, Brazão chegou a ser afastado por denúncias de compra de votos, ele também já foi acusado e depois absolvido de uma assassinato — que ele mesmo admitiu ter cometido. Em 2017, foi preso temporariamente com outros quatro conselheiros do TCE em um desdobramento da Operação Lava Jato no Rio. Até hoje ele responde por suspeita de fazer parte de um suposto esquema criminoso para receber propina sobre os contratos do estado. Com isso, ele foi afastado do cargo, mas voltou a ser conselheiro no ano passado, após decisão da Justiça do Rio de Janeiro.  Desde o primeiro ano das investigações sobre a morte de Marielle, o nome de Brazão foi citado no processo. No início, ele foi considerado suspeito de tentar atrapalhar o inquérito por meio de uma testemunha falsa. Em 2019, ele foi denunciado pela Procuradoria Geral da República (PGR) por obstrução de justiça no caso. No relatório da PGR, Brazão foi apontado como suspeito de ser autor intelectual do crime após conversas interceptadas dos suspeitos envolvidos no caso da falsa testemunha. Segundo o relatório, Brazão é "efetivamente, por outros dados e informações que dispomos, o principal suspeito de ser o autor intelectual dos crimes contra Marielle e Anderson, o que deve ser objeto de criteriosa investigação por quem de direito". Ele, porém, não foi indiciado e a denúncia não avançou no inquérito da Delegacia de Homicídios. A suspeita de atrapalhar as investigações foi apresentada ao STJ em 2019, mas foi rejeitada.

Chiquinho Brazão
Chiquinho Brazão, deputado federal, é parte de uma família com profunda influência política no Rio de Janeiro,  especialmente em Jacarepaguá, área historicamente vinculada à presença da milícia. Ele é irmão de Pedro e Domingos Brazão, ambos atuantes na p
Antes de chegar à Câmara dos Deputados, Brazão teve uma longa trajetória como vereador pelo MDB na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, inclusive durante parte do mandato de Marielle. Sua eleição para o cargo de deputado federal se deu pelo Avante em 2018 e, posteriormente, foi reeleito em 2022 pelo União Brasil. Embora Chiquinho Brazão tenha afirmado nunca ter sido mencionado no caso Marielle e alegue ter tido uma relação positiva com a vereadora durante seu mandato na Câmara Municipal, o nome de Domingos Brazão, seu irmão, surgiu em depoimentos relacionados ao crime. Orlando Curicica, um miliciano, afirmou à Polícia Federal em 2019 que participou de uma reunião no Rio onde o assassinato de Marielle foi discutido, envolvendo membros do "Escritório do Crime" e um policial militar que atuou como assessor de Domingos Brazão. No relatório da Polícia Federal daquele ano, a corporação afirma que “Domingos Inácio Brazão é, efetivamente, por outros dados e informações que dispomos, o principal suspeito de ser o autor intelectual dos crimes contra Marielle e Anderson”.

Rivaldo
O delegado Rivaldo Barbosa tomou posse como chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro em 13 de março de 2018, um dia antes da vereadora ser assassinada. Formado em Direito, ele era coordenador da Divisão de Homicídios e foi convidado para o cargo pelo à época interventor federal, o general Walter Braga Netto. Na ocasião, Rivaldo fez discursos enfatizando a necessidade de combater a corrupção e pedindo a união de todas as instituições. “Combater a corrupção é uma das minhas prioridades. Por isso, precisamos investir e fortalecer a inteligência para atuar em lavagem de dinheiro”, afirmou. “A intervenção tem conduzido suas definições com respeito às instituições. Somos todos homens da lei e dela jamais devemos nos afastar”, acrescentou. “Nós temos um foco. Qual é o foco? Restabelecer e trazer a tranquilidade à sociedade carioca e faremos isso com empenho de todo nosso trabalho”, disse ele após ser anunciado para o posto.