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Novembro de 2024
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Indignação

Casal se fantasia de 'nega maluca' em festa de igreja e causa indignação

O GLOBO procurou o homem que aparece nas fotos, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem

Foto: Divulgação
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O Segmento de Culturas Afro-Brasileiras, Quilombolas e de Matrizes Africanas de Petrópolis também repudiou o ocorrido

26 outubro, 2021

Petrópolis (RJ) -  Um casal que se fantasiou de "nega maluca" em uma festa evangélica no último sábado causou indignação em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro. Com os rostos pintados com tinta preta e perucas de cabelo afro, a dupla publicou nas redes sociais fotos usando os adereços, considerados racistas por movimentos negros, durante evento promovido pela Igreja Batista Atitude. As imagens viralizaram nesta segunda-feira e suscitaram críticas que apontam para a prática conhecida como "blackface" — ato de se fantasiar de negro para entretenimento dos brancos, o que geralmente ocorre acompanhado de estereótipos. A publicação foi apagada do perfil após a repercussão negativa. A conta também foi tornada privada. O vereador Yuri Moura (PSOL), Presidente da Comissão de Educação, Assistência Social e Defesa dos Direitos Humanos da Câmara de Petrópolis, apresentou nesta segunda-feira uma notícia-crime junto ao Ministério Público para apurar se houve crime de racismo. O parlamentar argumenta que ao se fantasiar e veicular o ato em suas redes sociais, ocasal "consumou a ofensa ao tipo penal, independentemente de outro resultadonaturalístico". "O conceito de racismo recreativo designa uma políticacultural que utiliza o humor para expressar hostilidade em relação a minorias raciais. Ohumor racista opera como um mecanismo cultural que propaga o racismo, mas que aomesmo tempo permite que pessoas brancas possam manter uma imagem positiva de simesmas. Elas conseguem então propagar a ideia de que o racismo não tem relevânciasocial. Não se pode olvidar que o humor é uma forma de discurso que expressa valoressociais presentes em uma dada sociedade", diz o documento. Nas redes sociais, usuários também expuseram revolta com o caso. "Casal se veste de pessoas negras e vai em baile de fantasia em Petrópolis. Ser negro virou algo engraçado?", questionou uma moradora de Petrópolis, no Facebook. Uma outra internauta classificou a prática como "inadmissível" e afirmou que o racismo está sendo "compatcuado". O Segmento de Culturas Afro-Brasileiras, Quilombolas e de Matrizes Africanas de Petrópolis também repudiou o ocorrido e cobrou medidas por parte das autoridades competentes."Importante frisar que o corpo negro não é entretenimento e muito menos uma fantasia para alegrar festas. Práticas como esta são enquadradas no Racismo Recreativo, uma forma de desumanizar a população negra, utilizando de forma depreciativa tal atitude. Solicitamos que as autoridades locais tomem as medidas cabíveis", diz o texto. Em nota, a Igreja Batista Atitude disse que as pessoas que se fantasiaram de negros "não tinham conhecimento do que é 'blackface', portanto, fizeram suas fantasias sem a intenção de serem racistas". O comunicado também afirma que, como igreja, a agremiação religiosa não admite qualquer tipo de discriminação. O GLOBO procurou o homem que aparece nas fotos, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.

Fontes: O GLOBO / www.poptvnews.com.br