Goiás já registrou em 2024 um total de 397.346 notificações de dengue e 339 óbitos confirmados da doença. Os casos têm apresentado diminuição mês a mês desde abril, após fim da epidemia. Dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) apontam para uma redução de quase 95% nas notificações na comparação entre os meses de abril (88.044) e julho (4.468) deste ano. A diminuição acontece de forma gradativa, com queda de 19% nos casos notificados de abril para maio (70.512); -73% de maio para junho (18.724); e -76% de junho para julho. Apesar da redução com o fim da sazonalidade, a pasta reforça a necessidade de atenção por parte da população com possíveis focos e criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. “Onde tem água nessa época do ano é dentro das casas. É o vaso sanitário que não é utilizado, a piscina que não é tratada, a vasilha do animal que não é lavada semanalmente, a caixa d’água destampada. Então é importante lembrar que, mesmo sem chuvas, esses pequenos cuidados devem ser mantidos durante todo o ano. Mesmo com a redução de casos, precisamos nos manter vigilantes”, destacou a superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim. O ano de 2024 foi considerado o pior ano para a dengue em Goiás. Em 2023 foram notificados 124.385 casos da doença, com 57 óbitos e 71.040 casos confirmados. Se comparados os sete primeiros meses do ano passado com o mesmo período desse ano, o aumento foi de 353% nas notificações. Os números de 2024 ainda são considerados preliminares, já que 108 mortes possíveis de dengue ainda devem passar por análise do Comitê Estadual de Investigação de Óbitos Suspeito por Arboviroses.
Vacinação
Neste mês de julho a SES-GO distribuiu de 57.932 doses da vacina Qdenga contra a dengue, enviadas ao estado pelo Ministério da Saúde. Os imunizantes foram repassados aos 246 municípios goianos, para a aplicação da primeira e segunda doses, previstas no esquema de vacinação contra a doença. Atualmente a Qdenga está disponível para aplicação em crianças e adolescentes na faixa etária de 6 a 16 anos. Desde o início da vacinação contra a dengue no estado já foram distribuídas 342.960 doses do imunizante. Desse total, foram aplicadas 205 mil na faixa etária de 4 a 59 anos, sendo 185 mil para a primeira dose. Atualmente, 124.197 pessoas já estão aptas a receber a segunda dose do imunizante, que deve ser aplicada três meses após a primeira. Contudo, pouco mais de 20 mil pessoas até o momento completaram o esquema, com a administração da segunda dose. A baixa procura pela vacina no estado, aliada ao recorde de casos em 2024, tem gerado grande preocupação das autoridades de saúde. “A dengue parece uma doença inofensiva, mas pode ser muito grave e, por isso, deixamos aqui um alerta: a vacina contra a dengue já está disponível e é muito importante que a população busque a imunização”, ressaltou a médica pediatra do Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad), Camila Assis, ao lembrar o caso de um paciente de 12 anos que ficou 55 dias internado na unidade após contrair a doença. Thalles Henrique de Paula deu entrada no Hecad com um quadro grave de dengue hemorrágica, no início do ano. A criança enfrentou episódios de acidente vascular encefálico, choque cardiogênico, derrame pleural, insuficiência hepática e renal agudas e sepse. Thalles precisou ser intubado quatro vezes, ficou cerca de 30 dias na UTI do hospital e só recebeu alta no dia 18/07. “O paciente teve todas as complicações possíveis associadas à dengue e seguirá em acompanhamento multidisciplinar no Hecad”, reforçou a médica.