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Lazer

Cidade em Goiás tem maior concentração de motéis por metro quadrado da América Latina

Unidades contam com piscinas que simulam praia até suítes com capacidade para 1 mil convidados

Foto: Michel Gomes/g1 Goiás
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Suíte real no Dunas Motel, em Aparecida de Goiânia - Goiás

16 dezembro, 2023

Luxo, alta gastronomia e tecnologia para garantir o conforto. Características como essas marcam o avanço da rede moteleira no Brasil. E quando se fala em motel, Goiás é destaque. Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, tem a maior concentração de motéis por metro quadrado na América Latina, segundo a Associação Brasileira de Motéis (ABMotéis). Há suítes com capacidade para até 1 mil pessoas e piscina que simula praia. “A motelaria vem passando pela chamada ‘nova motelaria’, onde parte do setor moteleiro nacional tem repensado a arquitetura e pensado na gastronomia. A nova motelaria foca na experiência do casal para o motel ser uma segunda casa”, explicou Michael Alves, diretor da ABMotéis. Ao todo, são 36 motéis na região da BR-153, na Vila Brasília e Vila Rosa, segundo o diretor da instituição, Michael Alves. Ele avalia que o futuro dos motéis foca em não se limitar à imagem sexual e torná-los como refúgios para quem quer fugir da rotina, ou se sentir em casa. E, para ver de perto a nova motelaria, o g1 visitou motéis da área que dá o título de destaque à Aparecida de Goiânia. O preço para ficar em uma das unidades da região varia. Por uma hora, o cliente pode desembolsar a partir de R$ 25, por exemplo. As diárias podem ir um pouco além. Uma das suítes visitadas, por exemplo, cobra R$ 1,2 mil pelo pernoite. Uma das suítes vistas pela reportagem conta com televisões, cama gigante, hidromassagem aquecida, serviços de streaming e som com tecnologia remota. Além disso, oferece um cardápio servido por 24 horas e assinado pelo chef André Barros, ex-participante do reality “Mestre do Sabor”, da TV Globo. A algumas quadras da unidade, outro motel oferece uma experiência alternativa para outro público. Uma das suítes recria uma gruta, com direito à cascata. Ao lado, outro “quarto” conta com piscina que simula uma praia artificial e pode receber até 1 mil convidados.

Confira abaixo:

Em Aparecida de Goiânia, o Mont Blanc Motel é um dos primeiros a aparecer no Google em uma simples busca. No local, o cliente se depara com suítes focadas na experiência. São 21 anos no mercado e a unidade foi criada pela mãe do diretor da ABMotéis. “Foi um motel pensado na mulher, onde não tivesse uma pegada sexual forte, que fosse um motel sem cama redonda, sem espelho no teto, sem produtos eróticos expostos, sem pegada de um motel tradicional”, explicou Michael Alves. Ao g1, o empresário contou que o motel surgiu com suítes temáticas, mas há 15 anos acontece uma “destematização”, focada na modernidade. Para reservar, há um aplicativo com a lista de suítes disponíveis em tempo real. “A gente costuma falar que o Mont Blanc é um restaurante que também possui cama e hidromassagem. Para o cliente não precisar nem ir para o restaurante. No final de semana ele já vem direto para o Mont Blanc, já pernoita, vai ter um jantar maravilhoso, assistir Netflix, namorar e descansar. Essa é a ideia”, explicou. “É tudo virtual. É a cara do jovem. O cliente pede o motorista de aplicativo dele, reserva a suíte por aplicativo, usa seu smartphone para tudo”, completou.
Na gastronomia, o local brilha aos olhos dos clientes, com o cardápio assinado pelo chef André Barros há 11 anos. Michael contou que todos os anos são lançados pratos novos. Entre os carros chefes, tábua de mariscos, filés e carne serenada. Para curtir um pernoite na unidade, o cliente vai desembolsar de R$ 209 a R$ 496. Já para desfrutar do período mínimo, três horas, o valor vai de R$ 95 a R$ 329 durante a semana, e de R$ 115 a R$ 388 no fim de semana.  Para o público que busca viver experiências diferentes, o Dunas Motel oferece experiências que também chamam a atenção do público. Criado em 1977 pelo pai do empresário Márcio Fleuri de Araújo, a unidade dispõe de uma suíte ambientada como se fosse uma gruta, com direito à cascata. “A ideia foi do meu pai e, assim que ele faleceu há 12 anos, eu tinha que fazê-la de qualquer forma. Ela tem uma pegada de fantasia, é a suíte mais procurada daqui”, garante Márcio. Recomendada para casais, a gruta pode receber até 20 pessoas. A suíte também tem uma cama “diferentona”, espelho no teto, pole dance e hidromassagem.  A alguns metros da gruta, outra suíte chama a atenção. A “suíte real” é mais usada para festas, por comportar até 1 mil pessoas, mas casais também podem alugar o quarto. No local, há piscina que simula praia artificial, andar superior, sinuca e área de lazer. “É outra pegada. Depois da pandemia, os eventos estão menores. Mas sempre tem eventos, na faixa de 100, 200 pessoas. Já está reservada para o after de Natal e para o Ano Novo”, contou. Márcio detalhou que o motel segue um estilo rústico refinado, diferente de outros estabelecimentos. A maioria das peças de decoração, inclusive, é feita por ele e pela mãe. “Na suíte real, as luminárias, eu pego o disco de trator, coloco um LED dentro. As peças de madeira também trabalhadas. Eu trabalho com ferro, madeira e cerâmica”, explicou. Na gastronomia, o local foca no tradicional, mas de boa qualidade, segundo Márcio. O cardápio vai de frango a camarão. Além da suíte gruta, há outros quartos na unidade, com temáticas variadas. Para curtir o motel, o cliente paga de R$ 25 a R$ 94 na suíte luxo. Na suíte gruta, o preço vai de R$ 109 a R$ 395. A suíte real pode ser reservada a partir de R$ 209 até R$ 1,2 mil.

Estigma e “nova cara” dos motéis
Quando se fala em motel, a ideia que passa pela cabeça de muitos clientes é apenas sexual. Apesar disso, o diretor da ABMotéis ressaltou que a nova motelaria trabalha para aprimorar os serviços e mudar o estigma puramente erótico. “Para você reverter a parcela de pessoas que pensam assim, você precisa fazer algo melhor que a casa dela, investir na experiência”, pontuou.
Michael ponderou que a perspectiva dos novos motéis é ser um local para descansar, namorar, comer, beber e se divertir. Dessa forma, os estabelecimentos poderiam, de fato, se tornar uma extensão da casa dos clientes. “Esse apelo sexual não é a pegada. Os melhores motéis hoje no Brasil não tem essa pegada. Você não vai ver nas redes sociais dos melhores motéis do Brasil apelos eróticos, piadas eróticas. Isso é cafona, isso já foi. Há uma preocupação nossa cada vez mais de transformar o ambiente”, falou. O diretor avaliou também que o uso da tecnologia dos motéis acelerou durante a pandemia. “O jovem não quer sair da casa dele para chegar e ter uma televisão menor, uma cama menor. A aparelhagem de som tem que ser melhor. Ou você se atualiza ou você está fadado ao fracasso. É uma leitura básica hoje. É o mundo virtual. Hoje, cada vez mais. Só não coloquei videogame aqui ainda”, finalizou.


Público
Como forma de aprimoramento do mercado, a ABMotéis fez uma pesquisa nacional para analisar pontos como público, visão dos clientes assíduos e de quem não frequenta. O estudo destaca o público. “A maior parte do nosso público é de casais em relacionamento estável. Outro dado interessante nessa pesquisa, é que os hóspedes que estão vindo com motorista de aplicativo já chegaram a 25%. Então, você vê que o jovem, que às vezes não tem carro, também vai ao motel”, explicou o diretor da associação.