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Novembro de 2024
Direito & Justiça

Prisões

Justiça decreta prisão de PMs

Policiais estão envolvidos em ação com quatro mortos, em Cavalcante, diz MP

Foto: Reprodução
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Mortos em ação da PM, que teve quase 60 disparos por parte dos policiais, em Cavalcante, Goiás

26 fevereiro, 2022

A Justiça de Goiás decretou a prisão preventiva de sete policiais militares envolvidos em uma ação que terminou com a morte de quatro pessoas em Cavalcante, no nordeste de Goiás, segundo informou o Ministério Público de Goiás (MP-GO). Na época, a Polícia Militar informou que as vítimas eram suspeitas de tráfico de drogas. Já a Polícia Civil apontou que os quatro não tinham passagens criminais. O g1 pediu um posicionamento para a Polícia Militar, por mensagens e e-mail enviado às 20h06 de sexta-feira (25), e aguarda retorno desde a última atualização. A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos policiais que tiveram prisão preventiva decretada, são eles:

Sargento Aguimar Prado de Morais
Sargento Mivaldo José Toledo
Cabo Jean Roberto Carneiro dos Santos
Soldado Welborney Kristiano Lopes dos Santos
Cabo Luís César Mascarenhas Rodrigues

Soldado Eustáquio Henrique do Nascimento
e soldado Ítallo Vinícius Rodrigues de Almeida

O crime aconteceu no dia 20 de janeiro deste ano. Na data, a PM informou à Polícia Civil uma equipe foi a uma propriedade rural, em local ermo e de difícil acesso, após receber uma denúncia de que ali haveria uma grande plantação de maconha. No registro, os PMs relataram que, chegando ao local, foram recebidos a tiros por um grupo e, por isso, tiveram que revidar com quase 60 tiros. Ainda de acordo com o depoimento dos policiais militares, além dos quatro que foram baleados e morreram, haveriam outras três pessoas, que conseguiram fugir. A população de Cavalcante ficou revoltada com o episódio e defende que os quatro rapazes que foram mortos não tinham armas e não podem ter atirado contra os PMs. Durante o enterro de dois deles, houve uma manifestação pedindo por justiça.

Drogas e investigação

Dias após o crime, o delegado Alex Rodrigues disse que os PMs disseram que constataram que havia cerca de 500 pés de maconha no local, além de porções prensadas e outras prontas para consumo. No entanto, parte da droga que foi incinerada no local antes da chegada da equipe da Polícia Civil. Essa ação não é a de praxe, segundo o delegado. “A priori, quem faz a incineração da droga, de cordo com a lei, é o delegado. A droga foi incinerada antes da minha chegada. Isso vai ser apurado o motivo”, disse o delegado, na época do crime. O Ministério Público informou, nesta sexta-feira, que o inquérito policial está em fase final de conclusão pela Delegacia de Investigação de Homicídios, em Goiânia. O MP disse ainda que, na área onde ocorreu a ação, que tem quatro metros quadrados, foram encontradas 11 espécies de plantas, das quais quatro eram de maconha.

Quem são os mortos

Mais de 100 entidades da sociedade civil organizada e de movimentos sociais assinaram uma nota de repúdio contra a ação da Polícia Militar. Na nota, eles ainda divulgaram ainda a identidade dos mortos durante a ação, entres eles, há um quilombola kalunga. Salviano Souza da Conceição: tinha de 63 anos, morava na chácara invadida pela polícia, era trabalhador rural e guia turístico; Ozanir Batista da Silva: tinha 47 anos, conhecido como jacaré, era trabalhador rural, mas estava desempregado. Ele estava no local para ajudar na colheita de uma lavoura de milho, segundo a família;
Antônio da Cunha Fernandes: tinha 35 anos, conhecido como Chico Kalunga e era quilombola Kalunga, natural da Comunidade da Barra de Monte Alegre. Era trabalhador rural e também estava desempregado. Alan Pereira Soares: tinha 27 anos, já trabalhou formalmente como entregador e auxiliar de máquina industrial, mas estava desempregado e passou a sobreviver de trabalhos informais como capina de terrenos. Ele deixou uma filha de seis meses e uma companheira grávida de três meses.

Pedidos de prisão preventiva

O MP-GO fez os pedidos de prisão preventiva dos policiais militares afirmando que as medidas cautelares não são suficientes para resguardar a ordem pública nem garantir a normal instrução criminal no caso. De acordo com o Ministério Público, a narrativa dos fatos apresentada pelos policiais militares no registro da ocorrência "não encontra amparo nas provas documentais, periciais e testemunhais que estão no inquérito policial". Ainda no pedido, o MP ressaltou que alguns dos militares envolvidos no crime procuraram algumas testemunhas do crime com o objetivo de intimidá-las e ameaçá-las. Conforme o órgão, isso só reforça a necessidade de que os suspeitos do crime fiquem presos de forma preventiva.