Como cantou Marília Mendonça, “todo mundo vai sofrer”. A partida precoce da cantora deixou uma legião de fãs com saudades. Marília foi gigante e levou a música sertaneja a lugares ainda não alcançados antes por nenhuma mulher. Ao completar um ano de sua morte, a “Rainha da Sofrência” ganhou uma bela e justa homenagem em Goiânia, local que a cantora escolheu para chamar de lar: um dos pontos mais tradicionais da cidade passou a carregar seu nome e tem até mesmo drink batizado com título de letra de música. G1 Goiás e O Popular publicam uma série de reportagens especiais em homenagem a Marília, no 1º ano após a morte da cantora. Se o goianiense procura um lugar com comida boa, bebidas diversas, cerveja gelada e música para todos os gostos, o endereço é fácil de ser encontrado: bem no coração de Goiânia, na rua 74 do Setor Central, o recém-batizado Centro Cultural Mercado Popular da Rua 74 Marília Mendonça, funciona de segunda a sábado e já conquistou o carinho dos goianos. O Mercado da 74 conta com conserto de roupa, loja de calçados, mercearia com mercadorias tradicionais do Cerrado, açougue, pamonharia, lanchonete e restaurantes. As lojas funcionam o dia todo, a partir das 8h. Já os restaurantes, abrem para horário de almoço. E a noite fica por conta dos bares, que funcionam até as 23 horas. É preciso se programar para curtir a noite no Mercado da 74, pois, a partir das 17 horas, as mesas já começam a ser ocupadas por quem deseja assistir aos shows que acontecem de terça a sexta-feira. O horário de maior movimento é às 19 horas, quando precisa contar com a sorte para se conseguir uma mesa. Os dias mais cheios são as quartas e sextas-feiras, geralmente.
Veja a programação dos shows:
Terça-feira: MPB e pop-rock
Quarta-feira: samba
Quinta-feira: rock’n roll
Sexta-feira: sertanejo e forró.
História do mercado
Para eternizar a história de Marília, o Mercado da 74 passou a carregar seu nome desde o dia 21 de outubro, quando a lei que estabelece a nova nomeação do local foi sancionada. Como ícone da música goiana, e com um legado que será lembrado por gerações, sua carreira faz jus à grandiosidade e tradição do espaço. Construído na década de 50, ele foi entregue aos goianienses em 1953, apenas 20 anos depois da fundação da capital goiana. Naquela época, a região ainda não havia sido anexada ao Setor Central e se chamava Bairro Popular. Os mercados eram centros comerciais onde se achava de tudo um pouco. Depois de um tempo, com o crescimento da cidade e a urbanização, eles acabaram ficando esquecidos pela população. Em 1987, o local passou por uma restauração com obras realizadas pela Prefeitura de Goiânia, através da Companhia e Urbanização de Goiânia (Comurg). Alguns anos depois, em 2004, um novo projeto chegou a ser reformulado pelo Poder Público, mas por falta de verba, não foi executado. No ano seguinte, em 2005, em uma parceria com a Casa Cor Goiás, as obras começaram e, em 2007, o espaço foi reaberto à população, com uma proposta agora de ser um lugar de arte, cultura e, claro, um ponto turístico da capital. Comerciantes, que estão lá desde o início, contam que já superaram situações de crise e, com muito esforço, conseguem se manter até hoje. “O ‘mercadinho da 74’ é tudo para mim; nós já passamos pelo Césio-137, pela pandemia da Covid-19 e hoje voltamos ao normal”, conta Jair Onofre, proprietário do Jajá Drinks, e que trabalha no mercado deste a década de 1970. Jajá, como é conhecido, diz que o Mercado da 74 respira cultura e que há ‘todo tipo de gente’. Ele reconhece a importância em ter o nome de Marília Mendonça no local. “O novo nome é muito bem-vindo e ela merece. Ela levou o nome do estado de Goiás ao mundo inteiro. Foi uma ação bem sucedida. E só temos que bater palma”, diz Jajá.
‘Saudade do meu ex’, conheça o drink da Marília
Jajá resolveu fazer sua própria homenagem à Marília Mendonça e agora, no cardápio do bar, tem o drink “saudades do meu ex”, com uma mistura especial de bebidas que a cantora adorava tomar: cerveja, gin, limão e, sem faltar, é claro, a borda do copo carimbada com sal. "Marília era uma grande consumidora da cerveja e da cachaça, então eu criei um drink com cerveja, gin e caldo de limão siciliano para ficar tudo de bom. Uma delícia”, conta Jajá, que o batizou com o nome de um dos maiores sucessos da goiana. Frequentador assíduo do Mercado, Carlos conta que é acostumado ir ao local para tomar café da manhã, almoçar e curtir o happy hour, pois é próximo do seu trabalho. Ele aprovou a bebida que homenageia Marília Mendonça. “Achei bem gostoso o drink, parece um cozumel, mas tem umas ‘coisinhas’ a mais. Está caprichado”. Sendo um fã da música sertaneja, o servidor público achou super bacana o novo nome do Mercado. “O mercado é a minha segunda casa, a gente se diverte muito aqui. É um local bastante acessível e eclético”, fala.
O pastel mais tradicional da cidade
Mas nem só de bebida vive o Mercado da 74. Pastelaria mais antiga da cidade, a “Pastelaria do Meu” está no local desde a sua inauguração. Fundada por Geraldo de Lemes, em 1963, atualmente é comandada pelo seu filho, o publicitário Daniel Henrique, de 43 anos, que acabou deixando a formação profissional de lado e desde então se dedica ao negócio da família. O nome do local surgiu por um hábito de seu pai, que tinha o costume de chamar as pessoas por ‘meu’, então acabou pegando o nome. Daniel conta que cresceu dentro do mercado e que resolveu trabalhar na pastelaria em 2006, quando viu que o convênio com a Casa Cor Goiás poderia ser uma boa oportunidade para o comércio. Seu pai, hoje com 87 anos, esteve no local até antes da pandemia, “dando alguns pitacos”. “Meu pai trabalhou até os seus 80 anos com a mão na massa. Com a oportunidade da Casa Cor, entrei com a cara e a coragem. Nós já vimos muitas coisas acontecerem aqui, muitas decisões políticas e até mesmo jogadores de futebol frequentando o espaço. Muita gente que cresceu aqui volta agora com os seus filhos e netos. É gratificante fazer parte da história de Goiânia”. Há 60 anos, quando a pastelaria abriu, o comércio tinha somente cinco sabores de pastel, hoje conta com mais de 200. A pastelaria faz tanto sucesso que chegou a concorrer em nível nacional o prêmio de “melhor pastel do Brasil”, pelo programa Mais Você, da Rede Globo, comandado por Ana Maria Braga. O carro-chefe é o sabor ‘lampião’, que leva carne de sol, banana da terra e cream cheese. Outro sabor bastante famoso é o Maria-bonita, feito com carne de sol, banana da terra, mel e queijo fresco. Para os mais ousados, há sabores de jiló com raspas de limão e três queijos, e como não pode faltar em terras goianas: o famoso pastel de frango com pequi e guariroba. Com o público “democrático”, Daniel diz que todos são tratados com carinho. “Há pessoas da classe A à classe C. É gratificante ver a quantidade de gente vindo aqui”, afirma. Comendo o ‘pastel do meu’ pela segunda vez, a farmacêutica Renata Ribeiro, de 41 anos, repetiu o sabor ‘Maria-bonita’. Ela disse que voltou ao lugar pelo “conjunto da obra”. “Gostei do sabor, o pastel é bem temperado, a massa é ótima e o ambiente é muito bom”, diz.
Serviço:
Centro Cultural Mercado Popular da Rua 74 Marília Mendonça
Endereço: Rua 74, Número 329, Setor Central, Goiânia
Entrada de graça
Horário de funcionamento: de segunda-feira a sexta-feira, das 8h à 23 horas, sendo que os shows são a partir de terça-feira. Sábado, das 6h às 10h.
Programação: redes sociais do mercado da 74
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