Após três anos, o Brasil volta a ter um corte na taxa básica de juros (Selic). A ultima vez que isso ocorreu foi em 2020. A redução foi de 0,5 ponto percentual. Com isso, o patamar do indicador fica em 13,25% ao ano. A decisão deixou a equipe econômica aliviada, mas surpreendeu o mercado financeiro, que esperava um corte mais tímido no início do ciclo de baixas. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou a decisão pouco após o fechamento dos mercados nesta quarta-feira (2/8). “O conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue consistente com um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres. Não obstante o arrefecimento dos índices de inflação cheia ao consumidor, antecipa-se uma elevação da inflação acumulada em doze meses ao longo do segundo semestre. As medidas mais recentes de inflação subjacente apresentaram queda, mas ainda se situam acima da meta para a inflação”, pondera o comunicado. Votaram por uma redução de 0,50 ponto percentual os seguintes membros do Comitê: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Gabriel Galípolo e Otávio Ribeiro Damaso. Votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual os seguintes membros: Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura e Renato Dias de Brito Gomes. “O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, diz o Banco Central, no comunicado. O corte veio após meses de contenda entre o Banco Central e o governo federal. O patamar de 13,75% ao ano, o mesmo desde agosto de 2022, inflamou a relação. A reunião que decidiu a redução foi a primeira com a participação de Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, os indicados do presidente Lula para a cúpula da autarquia. Na semana passada, como mostrou O Antagonista, o governo federal espera que a taxa seja reduzida em dois pontos percentuais até dezembro. O governo tem feito pressão para que a redução paulatina. O entendimento é que a baixa é essencial para atrair investimentos, gerar empregos e estimular o consumo. A agenda de reformas, a queda da inflação, a previsão de crescimento do PIB e a mudança na nota de crédito do país são os principais argumentos em favor da redução da Selic.