Sábado, 07 de
Setembro de 2024
Brasília

Espionagem

PF encontra áudio entre Bolsonaro e Ramagem

O ex-presidente e o então chefe da Abin investigaram auditores fiscais do caso das rachadinhas

Carolina Antunes/PR
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Jair Bolsonaro (PL) e Alexandre Ramagem (PL-RJ)

11 julho, 2024

A Polícia Federal (PF) encontrou no computador do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)  Alexandre Ramagem uma gravação de áudio de uma reunião com o então presidente da República, Jair Bolsonaro. Na reunião, discutem um plano para proteger o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de investigações sobre desvios de recursos. A informação é da coluna do Aguirre Talento, do portal "UOL". De acordo com as investigações, a gravação revela que Bolsonaro aprovou um plano apresentado por Ramagem para abrir procedimentos contra os auditores fiscais que investigaram Flávio Bolsonaro. O objetivo era anular as investigações do caso das rachadinhas — desvios de recursos dos funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro durante seu mandato como deputado estadual. A estratégia traçada por Ramagem foi efetivamente colocada em prática, resultando na anulação da investigação sobre Flávio Bolsonaro na Justiça. A gravação de áudio, supostamente feita pelo próprio Ramagem, tem aproximadamente uma hora de duração. Além de Bolsonaro e Ramagem, participaram da reunião o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e uma advogada de Flávio Bolsonaro. A reunião ocorreu em 25 de agosto de 2020. Para a PF, o áudio comprova o uso da estrutura da Abin em defesa dos interesses pessoais de Jair Bolsonaro. Essa nova prova foi apresentada ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e contribuiu para a deflagração da quarta fase da Operação Última Milha, que resultou na prisão de cinco alvos nesta quinta-feira (11/7). Nesta fase, os agentes cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão nas cidades de Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP). Os mandados foram expedidos pelo STF.

Alvos de busca e apreensão:
Mateus de Carvalho Sposito
José Matheus Sales Gomes
Daniel Ribeiro Lemos
Richards Dyer Pozzer
Rogério Beraldo de Almeida
Marcelo Araújo Bormevet
Giancarlo Gomes Rodrigues


Prisões preventivas e afastamentos dos cargos públicos:
Mateus de Carvalho Sposito
Richards Dyer Pozzer
Rogério Beraldo de Almeida
Marcelo Araújo Bormevet
Giancarlo Gomes Rodrigues

Os investigados são acusados de criar perfis falsos nas redes sociais e divulgar informações falsas sobre jornalistas e integrantes dos Três Poderes. A chamada "Abin paralela" também teria acessado ilegalmente computadores, telefones e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.

De acordo com a PF, os investigados podem responder pelos crimes de:

Organização criminosa
Tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito
Interceptação clandestina de comunicação
Invasão de dispositivo informático alheio

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