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Racismo

Tenente xingado de ‘macaco’: ser policial não o afasta da condição de negro

Ser policial não o afasta da condição de negro, diz ouvidor da PM sobre tenente xingado de ‘macaco’

Foto: Reprodução/Twitter
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Tenente coronel do 11º Batalhão da Polícia Militar de São Paulo, Evanilson de Souza, foi alvo de racismo durante sua participação em uma conferência online da USP

10 fevereiro, 2021

São Paulo (SP) -  Comandante do 11º Batalhão da Polícia Militar, na área dos Jardins e Consolação, Evanilson de Souza foi chamado de "macaco" em sua participação na conferência online do curso de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP) na terça-feira(9/2). A vítima atua na frente de combate ao racismo e fará parte da Câmara temática da PM sobre o tema. Segundo o ouvidor da polícia, o Dr. Elizeu Soares Lopes, o crime aconteceu porque o racismo no Brasil atinge toda a população negra e o fato de o coronel ser policial não o afasta de sua condição de pessoa negra na sociedade. "Não é por acaso que ele sofreu racismo e é preciso ter uma resposta de igual dimensão para esse crime", avalia. O tenente agredido vai unir provas e abrir boletim de ocorrência para registrar o crime. Lopes conta que a atuação de Evanilson como instrutor da PM no combate ao racismo e a participação na conferência online com os alunos da USP tinha essa finalidade. "Trata-se de uma pessoa de representatividade muito grande para os direitos humanos aqui no Brasil, as pessoas que cometeram esse crime tem que ser presas", afirma. Em nota enviada à agência Alma Preta, a Polícia Militar do Estado de São Paulo informou que repudia as ofensas raciais e mensagens de ódio praticadas contra o tenente-coronel. Além disso, a corporação reforçou que Evanilson de Souza foi convidado pela organização do curso para, justamente, expor o programa de combate ao racismo da PM e que o ataque, que também se qualifica como um crime cibernético, prejudicou o andamento da apresentação. Também procurado pela reportagem, o Instituto de Relações Internacionais da USP afirmou repudiar a prática do crime classificado pela universidade como "inaceitável" e "que fere os princípios constitucionais da honra e dignidade da pessoa humana". Segundo o instituto, os coordenadores do curso já enviaram denúncia para a Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e a ocorrência foi registrada na manhã desta quarta-feira (10/2).