O Brasil registrou 3.251 novas mortes pela Covid-19 e 82.493 casos da doença na terça (23/3). Com isso, o total de mortos chegou a 298.676 e o de casos a 12.130.019, de acordo com o painel atualizado pelo Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde). O número de 3.251 mortes em um período de 24 horas é o novo recorde de óbitos da pandemia até aqui e a primeira vez que o Brasil passa de 3 mil mortes em um único dia. A marca, que foi a única no mundo, repercutiu tanto na imprensa brasileira quanto na internacional. Nas redes sociais, uma das capas que mais foi compartilhada na manhã desta quarta-feira (24/4) foi a do jornal "Extra", do Rio de Janeiro. A manchete da edição de hoje estampa a frase "Brasil acima de todos", em alusão à frase repetida em quase todas as ocasiões pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e que virou uma espécie de slogan do governo bolsonarista: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". Isso porque o Brasil tem a maior média de mortes diárias, considerando os últimos sete dias, no mundo. Segundo o cálculo do site Our World in Data, ligado à Universidade de Oxford, o índice do país na última segunda-feira (22), dado mais atualizado na plataforma, era de 2.305, mais do que o dobro do segundo neste ranking, os Estados Unidos, com 978. De acordo com o site, os outros países com maiores médias diárias de mortes no momento são México (470), Rússia (407), Itália (404), Polônia (308), França (264), Ucrânia (244), República Tcheca (204) e Hungria (195). Ainda segundo o site, o Brasil também supera a média de toda a União Europeia (2.233), da América do Norte (1.547), da Ásia (939) e da África (296).
Confira as capas dos principais jornais sobre o novo recorde de mortos pela Covid
3.158 mortes: Doença mais letal do país, Covid tem dia de recorde - O Globo
"Brasil acim de todos" - Extra
País registra 3.158 mortos em 24 horas - Folha de S. Paulo
Pela 1ª vez, país supera os 3 mil mortos em 24 horas - O Estado de S. Paulo
"Ou o Brasil se une, ou será o caos" - Correio Braziliense
3.251 mortos em 24 horas - Estado de Minas
Brasil registra mais de 3 mil mortes em um só dia pela primeira vez - Zero Hora
País conta 3 mil mortes pela primeira vez - Diário de Pernambuco
Cidades em lockdown reduzem infecção - Diário do Nordeste
O Brasil registrou pela primeira vez mais de 3.000 mortes em um dia - El Mercurio (Chile)
O Brasil registrou pela primeira vez mais de 3.000 mortes em um dia
O país também foi destaque na imprensa internacional. No Chile, por exemplo, um dos principais jornais, o El Mercurio, localizado na capital Santiago, optou dar ênfase na crise vivida no Brasil na edição desta quarta-feira (24/3). "O Brasil regristrou pela primeira vez mais de 3.000 mortes em um dia", diz o texto. Segundo a publicação, isso eleva o total desde o início da pandemia para 298.676, colocando-o como o segundo país com maior mortalidade no mundo.
Cidades em lockdown reduzem infecção
Após o recorde de mortes no país, o jornal Diário do Nordeste investiu na chamada "Cidades em lockdown reduzem infecção", dando destaque ao confinamento nas cidades do estado do Ceará. Segundo reportagem desta quarta-feira (24), há 10 dias, todas as 184 cidades cearenses estão em isolamento social rígido, o chamado lockdown, decretada pelo governo do Estado e tem vigência até o próximo dia 28. "Cerca de um mês após o início do lockdown, essas cidades já colhem resultados positivos. Em todas elas houve substancial redução na média móvel de novas infecções. Santa Quitéria decretou lockdown ainda no fim de fevereiro. À época, todos os 12 leitos de enfermaria do hospital de campanha estavam ocupados", diz trecho da publicação.
Fio Cruz pede lockdown
No último boletim extraordinário do Observatório da Covid-19, divulgado pela Fiocruz na terça-feira (23/3), a Fundação chamou atenção para a necessidade de medidas rígidas de distanciamento social. O relatório mostrou a gravidade do atual momento da pandemia no Brasil. Os cientistas responsáveis pelo documento afirmaram que trata-se de uma “crise também humanitária” e cobraram ações mais restritivas de combate. Por isso, a FioCruz sugeriu restrição das atividades não-essenciais por 14 dias em todos os 24 estados, além do Distrito Federal, que se encontram na zona de alerta crítico. Tal medida reduziria em aproximadamente 40% a transmissão do vírus, segundo o documento. Segundo a Fiocruz, este colapso na saúde faz com que o vírus se alastre mais rapidamente e seja ainda mais mortal. Na última semana analisada, entre 14 e 20 de março, foram, em média, 73 mil casos e duas mil mortes diárias. O número de casos cresceu a uma taxa de 0,3% ao dia, enquanto a ascensão dos óbitos foi de 3,2% a cada 24 horas.