Segunda-feira, 25 de
Novembro de 2024
Brasil

Detenção

Professora é demitida em São Paulo após comentário sobre aborto legal de menina de 10 anos estuprada

Deve ter sido bem paga", escreveu a professora na rede social

Foto: Divulgação
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Comentários feitos pela professora Eliana Nuci sobre a menina de 10 anos estuprada e que fez um aborto legal

20 agosto, 2020

Guarulhos (SP) - Uma professora de um colégio de Guarulhos, Região Metropolitana de São Paulo, foi demitida pela Secretária Estadual de Educação após criticar o aborto legal da menina de 10 anos, que foi vítima de estupro em São Mateus (ES). Eliana Nuci de Oliveira, que lecionava na educação básica da E.E. Prof. Frederico de Barros Brotero, minimizou a violência sofrida pela criança em comentários feitos pelo Facebook. A profissional chegou a questionar por que a menina capixaba nunca contou que era violentada. Ainda insinuou que a garota, que contou à polícia que era estuprada pelo tio desde os 6 anos, foi paga para ter relações sexuais. A demissão da professora foi confirmada ao EXTRA pela pasta.

Alta  

"Agora tirar a vida de um inocente é triste demais. Criança se defende chorando para mãe, está menina nunca chorou por quê? Não foi nenhuma violência. Ela já tinha vida sexual há 4 anos com esse homem. Deve ter sido bem paga", escreveu a professora na rede social. A identidade da profissional foi compartilhada pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), após ter sido exposta pelo perfil Anonymous Brasil no Twitter. A parlamentar escreveu:

 “O cidadão de bem nunca falha”.

Escondida 

A menina capixaba de 10 anos que foi para Recife para interromper a gravidez teve alta médica e deixou o Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), da Universidade de Pernambuco, na madrugada desta quarta-feira, dia 19. O governo do Espírito Santo disponibilizou uma aeronave para ela e a avó. Não há informações sobre o destino da criança, para evitar que a menina volte a ser hostilizada por extremistas anti-aborto. Na noite anterior, antes da partida, a equipe do hospital fez mais um "agrado" para a criança e realizou seu "sonho" de comer um lanche do McDonald's, segundo Paula Viana, enfermeira e coordenadora do Grupo Curumim, parceiro do programa Pró-Marias, de atendimento às vítimas de violência desde 1996, dentro do Cisam.

Constrangimento

Escondida no porta-malas

A criança acusa o tio de tê-la violentado desde os seis anos. Na terça-feira, ele foi preso em Betim (Minas Gerais) e, segundo a polícia do Espírito Santo, confirmou "informalmente", os abusos sexuais. Ainda no hospital, a menina descobriu por um celular sobre a prisão e demonstrou alívio. Para a avó, disse: "Ainda bem, porque o vovô pode sair para a rua agora”.

Desabafo

A menina foi obrigada a se esconder dentro do porta-malas de uma minivan Doblò para entrar no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), da Universidade de Pernambuco, no último domingo, dia 16, onde realizou o aborto legal. O procedimento foi adotado para despistar os manifestantes contrários ao aborto, que se aglomeraram na frente do hospital após os dados da criança e do local serem divulgados nas redes sociais, inclusive pela extremista Sara Giromini. Em entrevista exclusiva ao GLOBO, a enfermeira Paula Viana disse que a menina trouxe ainda consigo um sapo e uma girafa de pelúcia. A vítima não conseguiu realizar o aborto no Espírito Santo, estado onde residia com os avós, porque o hospital referência de Vitória alegou não ser possível por "questões técnicas". A pressão de religiosos e grupos extremistas contra a realização do aborto do bebê de uma menina de dez anos estuprada pelo tio em São Mateus, no interior do Espírito Santo, não ficou restrita à frente do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), onde a criança realizou o procedimento. A vítima foi constrangida inclusive por um médico dentro da unidade.

Paternidade:

Segundo relatos obtidos pelo GLOBO, o profissional conseguiu acessar o quarto da menina na noite de domingo para pressioná-la, com detalhes gráficos do procedimento, garantido por lei para vítimas de estupro e gestações que representem risco à mãe, e questionando a decisão dela e da avó.

Tio é preso

O homem acusado de estuprar uma menina de 10 anos no Espírito Santo, tio da vítima, foi preso na madrugada desta terça-feira. A informação foi divulgada pelo governador do estado, Renato Casagrande (PSB). O caso ganhou repercussão nacional na semana passada e o suposto agressor fugiu depois que os abusos foram descobertos com a gestação. Ele foi encontrado em Betim (MG), segundo o portal G1. O homem, de 33 anos, foi indiciado por estupro de vulnerável e ameaça e será levado para o Complexo Penitenciário de Xuri, em Vila Velha, na Região Metropolitana de Vitória, segundo o G1. A menina, que contou ter sido abusada desde os seis anos, estava quadro de diabetes gestacional e já tinha 22 semanas de gravidez. Segundo médicos, havia risco de morte caso a gestação fosse levada a termo. O procedimento abortivo, garantido em lei para vítimas de estupro e gravidez com risco de óbito, foi concluido na última segunda-feira.

Exame de DNA

O exame de DNA que poderá comprovar se o homem preso na madrugada desta terça-feira (18) engravidou a sobrinha de 10 anos ficará pronto daqui a 30 dias. O suspeito confessou informalmente à polícia que cometeu os abusos contra a menina. A polícia confirmou a veracidade de um vídeo que circula nas redes sociais no qual o acusado, que será indiciado por estupro com agravamento da pena pela gravidez, pede que o material genético do feto, colhido pela Polícia Científica de Pernambuco na última segunda-feira, também seja comparado com o DNA de outras duas pessoas que seriam próximas à menina.

Conta derrubada

“Foi feito um contato da Perícia Técnico Científica do Espírito Santo com a Polícia Técnico Científica de Pernambuco. O material genético do feto já foi recolhido, está sendo tratado pelo laboratório policial de Pernambuco e em breve será encaminhado para a Polícia Civil daqui, onde vamos então fazer o exame de DNA. Tão logo fique pronto, é 100% prova do estupro dessa pessoa, que vai corroborar tudo que já temos. O prazo de exame de DNA é de 30 dias”, afirmou José Darcy Arruda, delegado-geral da Polícia Civil do Espírito Santo.

Fontes: O GLOBO / EXTRA / www.poptvnews.com.br