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Outubro de 2024
Brasil

Denunciado

PGR denuncia deputado Arthur Lira, novo aliado de Bolsonaro, por propina de R$ 1,6 milhão

As provas colhidas demonstram que o pagamento de propina foi feito em dinheiro vivo para um assessor de Arthur Lira

Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados
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Deputado federal Arthur Lira (PP-AL)

06 junho, 2020

Brasília (DF) -  A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia na sexta-feira (5/6) sob acusação do crime de corrupção passiva, contra o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), um dos principais parlamentares do chamado centrão e novo aliado do presidente Jair Bolsonaro, considerado atualmente uma espécie de "líder informal" do governo no Congresso. Lira é acusado de receber propina de R$ 1,6 milhão da empreiteira Queiroz Galvão, em troca do apoio do PP à manutenção do então diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. O caso surgiu no início da Operação Lava-Jato, a partir da delação premiada do doleiro Alberto Youssef, e foi concluído agora. A denúncia é assinada pela subprocurador-geral da República Lindôra Maria Araújo, coordenadora da Lava-Jato na PGR. Também foram denunciados doleiros e executivo da Queiroz Galvão envolvidos no caso, que são acusados de lavagem de dinheiro. A acusação deve aumentar o desconforto de integrantes do governo Bolsonaro em relação ao apoio do centrão. Arthur Lira tem exercido papel de liderança na aproximação do centrão com Bolsonaro e na indicação de nomes para ocupar cargos na estrutura do governo federal. Lira foi um dos articuladores, por exemplo, da indicação de um nome do centrão para comandar o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que possui orçamento de R$ 54 bilhões. Em abril, o deputado esteve no gabinete de Bolsonaro no Palácio do Planalto e chegou a gravar um vídeo com o presidente, que ele disse que seria para enviar à sua família. O vídeo também foi divulgado nas suas redes sociais. "Estou do lado aqui do maridão, do pai, um grande abraço a vocês dois, estamos juntos aí, valeu",  afirmou Bolsonaro no vídeo. A investigação detectou que funcionários do doleiro Alberto Youssef foram responsáveis por operacionalizar o pagamento da propina em dinheiro vivo para um assessor do deputado Arthur Lira. Planilhas de controle de Rafael Ângulo Lopez, um dos operadores de Youssef, registram dois repasses, um no valor de R$ 1 milhão e outro no valor de R$ 593 mil, no ano de 2012. A descrição aponta: "Dinheiro que foi para BSB destinado a políticos do PP". Um entregador de dinheiro que atuava para Rafael Ângulo esteve em Brasília nas mesmas datas constantes da planilha, segundo os registros de empresas aéreas. As provas colhidas demonstram que o pagamento de propina foi feito em dinheiro vivo para um assessor de Arthur Lira. A investigação comprovou as declarações do doleiro Alberto Youssef, o segundo delator da Lava-Jato. Em depoimento, Youssef descreveu que Arthur Lira era o destinatário dos valores. Segundo o doleiro, a propina da Queiroz Galvão foi divida com o operador Henry Hoyer, o ex-diretor Paulo Roberto Costa e os parlamentares do PP. "Incumbiu ao declarante entregar o dinheiro em espécie, uma parte na própria casa de Henry no Rio de Janeiro (parte devida a Henry e Paulo Roberto Costa) e outra parte, destinada aos membros do PP, diretamente em Brasília; Que o declarante determinou que Rafael Ângulo e Carlos Fernando Rocha (Ceará) entregassem o dinheiro em Brasília, mas afirma que com certeza foi a um assessor do líder do PP, Arthur Lira", disse no depoimento. Na denúncia, a PGR não encontrou indícios de que Arthur Lira repassou os valores para outros parlamentares do PP que também eram investigados no caso, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado Dudu da Fonte (PP-PE). Por isso, foi pedido arquivamento do inquérito em relação a eles. Procurada, a defesa de Arthur Lira afirmou que ainda não tomou conhecimento sobre a denúncia. No inquérito, a defesa já disse que o parlamentar não tinha relação com os fatos investigados e chegou a pedir arquivamento da investigação. Na peça, a defesa afirmou que não havia provas concretas de que um assessor de Arthur Lira foi o recebedor da propina. "A presente investigação se revela uma tentativa de fortalecer uma mera especulação de Alberto Youssef contra o peticionário, não sendo corroborada por nenhuma das supostas fontes diretas de seus enredos", escreveu o advogado Pierpaolo Cruz Bottini.

Da Redação