Segunda-feira, 11 de
Novembro de 2024
Brasil

Questionamento

Onde estarão os blindados militares em 1º de janeiro de 2023?

Engana-se, porém, quem imagina que o enterro do voto impresso representaria o fim da escalada bolsonarista

Fotos: Divulgação
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Brasil é governado por uma persona non grata aos olhares europeus e dos EUA de Joe Biden, contra quem Bolsonaro torceu (e revelou a torcida) antes mesmo da largada

10 agosto, 2021

Quem duvida das inclinações golpistas de Jair Bolsonaro provavelmente estava dormindo ou não prestou atenção às suas manifestações públicas, para quem quisesse ouvir, desde que se abrigou na política para fugir da expulsão no Exército. Pouco ou nada mudou entre o presidente de hoje e o deputado convicto de que com o voto não se mudaria nada no país. O mesmo parlamentar prometia que, caso um dia fosse eleito presidente, daria um golpe no dia seguinte. E lamentava o fato de a ditadura ter matado pouco, em seu entender. Aquele deputado das bravatas é o mesmo sujeito que flerta agora com a irresponsabilidade ao acusar, sem provas, o sistema de voto fiador da democracia em seu país e promete jogar fora das quatro linhas quando precisa responder pelos atos e falas à beira da delinquên Acuado com o avanço da CPI da Pandemia, as suspeitas sobre compras de vacinas e as revelações sobre reembolso em verões passados nos gabinetes parlamentares da família, Bolsonaro apostou no caos ao eleger o voto impresso, esperta e equivocadamente chamado de “voto auditável” (o atual já o é), como seu novo cavalo de Tróia.  A proposta de emenda constitucional foi derrotada em comissão especial na Câmara e já estava pautada para ser analisada em plenário no dia em que, veja a coincidência, alguém achou uma ótima ideia levar tanque e outros veículos militares blindados até Brasília para entregar em mãos do presidente o convite para assistir ao treinamento da Marinha em Formosa (GO). O desvio de rota, com os chefes das Forças Armadas posicionadas ao lado do presidente, era parte do espetáculo. O projeto da moda Primavera-Verão 2022 com corpinho de 1964 verde-oliva tem levantado, com razão, todo tipo de discussão. Vai ter golpe ou já está tendo? Bolsonaro já não tem projeto de governo. Quer apenas ficar onde está, da forma como for. Vai ultrapassar as quatro linhas, e daí, se precisar, e já se calcula a essa altura quem irá com ele até o fim. Os contextos são diferentes, claro. A começar pelo alinhamento automático com as potências estrangeiras. Hoje o Brasil é governado por uma persona non grata aos olhares europeus e dos EUA de Joe Biden, contra quem Bolsonaro torceu (e revelou a torcida) antes mesmo da largada. Bolsonaro também não conta, como contavam os militares pré-64, com o apoio maciço do empresariado nem com a anuência de outros Poderes. Pelo contrário, está na mira do TSE, do STF e das notas de repúdio dos representantes cada vez mais indignados do PIB. Engana-se, porém, quem imagina que o enterro do voto impresso representaria o fim da escalada bolsonarista. Decerto não era uma “terrível coincidência” a presença do presidente, antes e durante a pandemia, em atos contra o Congresso e o STF coalhados de faixas pedindo “intervenção militar, com Bolsonaro no poder”.