Rio de Janeiro (RJ) - O vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, defendeu que apesar dos mais de 50 pedidos de impeachment contra Bolsonaro, é necessário "deixa-lo" governar. Questionado se Bolsonaro pode ter o mesmo destino que Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, que teve o segundo pedido de impeachment aprovado pela Câmara, Mourão acredita que os "pesos e contrapesos do sistema democrático são suficientes para barrar qualquer tentativa de um governante sair do leito da Constituição". "Não vejo hoje que haja condição de prosperar qualquer pedido de impeachment contra o presidente Bolsonaro, o mais atacado, ao longo dos últimos anos. Desde o dia anterior à posse o tiroteio já era grande em cima dele. Quantos pedidos de impeachment o Sarney, o Fernando Henrique, o Lula tiveram? Só a Dilma, coitada, é que não conseguiu sobreviver. E o Collor, obviamente. Aqui no Brasil qualquer coisa é impeachment, né? Deixa o cara governar, pô! Os pesos e contrapesos do nosso sistema democrático são mais do que suficientes para barrar qualquer tentativa de um governante de sair do leito da Constituição", afirmou ao Estadão. Mourão falou sobre a atuação do governo na pandemia da covid-19 e defendeu o tratamento precoce da doença. "O governo procurou trabalhar nas três grandes curvas: da saúde, da economia e a social. Fomos muito criticados, mas o tratamento precoce impede que a pessoa adquira sintomas mais graves e vá para o hospital, independentemente de discutir se é o remédio A, B ou C. Talvez (pudesse ter tido) uma comunicação mais eficiente. Todo mundo diz que tal lugar começou a vacinar. Mas quantos se vacinaram nesses locais? O único país que realmente está em uma fase final de vacinação é Israel. Mas qual é a população de Israel? Menor que a da capital de São Paulo". O vice-presidente também criticou o governador de São Paulo, João Doria. "O governador Doria virou garoto-propaganda da vacina e acabou metendo os pés pelas mãos. Apareceu na TV para dizer que a vacina tinha um valor 'x' de eficácia, quando não era verdade. Em nenhum momento ele compareceu para se retratar. Isso não revela boa gestão", disse o vice, que reforçou o desejo de estar na chapa em 2022". Questionado sobre a questão da falta de oxigênio em hospitais de Manaus, Mourão afirmou que "todo mundo dá pitaco sobre a Amazônia sem nunca ter pisado lá". "Existem distâncias envolvidas enormes e uma desconexão com a área central do Brasil. Você só chega a Manaus de barco ou avião. Aí quando se fala em asfaltar a BR-319, porque é a única ligação terrestre de Manaus com o resto do País, (dizem) 'Oh, céus, será a destruição da floresta'. Mas esquecem os milhões de pessoas que moram lá. Não tem UTI no interior do Amazonas", falou. O general também defendeu a aproximação do Planalto com o Centrão. "No começo, o governo buscou o relacionamento com o Congresso na base das bancadas temáticas. Mas as frentes parlamentares votam junto apenas para assuntos específicos. Aí chegou-se à conclusão que era necessário reunir um grupo de partidos que apoiassem as pautas principais do governo. E qualquer reunião de grupos de partido, no Congresso que temos hoje, passa pelo Centrão. Não tem como fugir do Centrão".
Brasil