Segunda-feira, 25 de
Novembro de 2024
Brasil

Morando de favor

Idosa que amputou perna por causa de diabetes vendeu móveis para comprar remédios e agora mora de favor, em Goiânia - Goiás

Com problemas financeiros por causa dos gastos com a doença, Ademilde Albuquerque sonha em, um dia, voltar a morar na própria casa

Foto: Thais Barbosa
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A idosa Ademilde Albuquerque amputou a perna e está morando, de favor, na casa da vizinha Divina dos Santos

14 outubro, 2019

Goiânia (GO) -  Aposentada e com 66 anos, Ademilde Albuquerque Lins teve complicações por causa da diabetes e precisou amputar a perna esquerda, há cerca de 3 meses. Durante o tratamento, enquanto peregrinava de hospital em hospital sem diagnóstico, ela foi vendendo os móveis da casa onde vivia para pagar os remédios que precisava tomar, em Goiânia. Hoje, ela vive de favor na casa de uma vizinha e sonha em voltar para casa, no Jardim Cerrado 7. "Se alguém puder nos doar móveis e também alimentos. Meu sonho é voltar para casa e cuidar das minhas coisas". Segundo Ademilde, toda a família foi diagnosticada com diabetes, mas nunca imaginou que uma feridinha no pé iria lhe custar a perna. "Descobri a diabetes com 53 anos. Há cerca de três meses notei uma feridinha no pé, mas isso já tinha acontecido outras vezes e não me preocupei. Quando dei fé, a ferida estava grande e doendo muito", explicou a idosa. Foi aí que começou a peregrinação em busca de tratamento. Ela ficou internada várias vezes e sempre esteve acompanhada do filho Flávio Albuquerque, 28 anos, que está desempregado. "Comecei indo para a Unidade de Pronto Atendimento aqui do meu bairro. Eles me medicavam e mandavam para casa. Toda vez que eu ia, era uma medicação diferente", comentou. O dinheiro da aposentadoria não era suficiente para manter a casa e, com o excesso de medicação, a situação ficou ainda pior. Foi aí que Ademilde e o filho resolveram vender alguns móveis da casa para comprar os remédios. "Vendemos o sofá, guarda-roupa, máquina de lavar e fogão. Me lembro do dia que precisávamos comprar um remédio e meu filho vendeu o celular dele por R$150, que era o valor da medicação. Nós compramos e, quando voltamos ao médico, ele disse que não era pra tomar aquele. Ou seja, não valeu de nada. Tem gente que perde esse valor e não prejudica em nada, pra gente, é muito, muito dinheiro", lamentou. Além dos móveis, as contas de energia e água também foram se acumulando e formam uma dívida de mais de mais de R$ 800.

Ajuda dos vizinhos

Assim que recebeu alta, a idosa voltou para casa que, dessa vez, estava praticamente vazia. "Me assustei quando cheguei em casa. Não tinha nada. O meu filho começou a sair procurar o emprego e eu ficava muito sozinha", comentou Ademilde. Foi aí que a vizinha Divina dos Santos Silva Martins, 45 anos, que sempre considerou a idosa uma mãe, resolveu levá-la para a sua casa. "No início, ela vinha e passava o dia aqui em casa e dormia na casa dela. Depois, ela passou a ficar aqui direto", explicou Divina. A rotina da casa da Divina, mudou. "Eu levanto cedinho e compro o pãozinho dela. Ajeito algumas coisas em casa, dou o banho nela, faço almoço e assim vamos passando o dia. A tarde meu esposo chega e vamos levá-la pra passear um pouco", contou sorrindo. Para a idosa, Divina tem sido mais do que uma filha. "Ela tem me alimentado, cuidado de mim sem cobrar nada em troca. Nunca imaginei encontrar uma pessoa tão boa", agradeceu.