São Paulo (SP) - O governador João Doria (PSDB) acusou o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de “virar as costas” para o estado de São Paulo ao ignorar os pedidos de recursos para o combate ao novo coronavírus. Doria também mandou uma mensagem ao presidente e ao Ministério da Saúde pedindo que não atuem com “seletividade política”, caso contrário estarão, segundo ele, “decretando a morte de brasileiros” no estado.
“Sendo São Paulo o epicentro do coronavírus no Brasil esperava, como governador, que o Ministério da Saúde, com ou sem ministro, priorizasse São Paulo, por óbvio. É inacreditável que o Ministério da Saúde, primeiro, não tenha um ministro diante de uma pandemia, e depois que vire as costas para São Paulo, epicentro dessa pandemia”, afirmou o tucano durante a coletiva de imprensa, na segunda-feira (18/5), no Palácio dos Bandeirantes
Doria afirmou que o governo federal respondeu parcialmente apenas uma das quatro solicitações feitas ao então ministro da Saúde Nelson Teich em uma reunião no dia 30 de abril, juntamente com o secretário Estadual de Saúde de São Paulo, José Henrique Germann. Enquanto ainda era ministro, a falta de interlocução de Teich com os estados, principalmente São Paulo, já havia sido criticada. Na ocasião, o estado solicitou ao Ministério da Saúde o envio de 4 milhões de testes rápidos da Covid-19, EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) para profissionais de saúde que atuam em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), 200 respiradores e a habilitação de 2,8 mil novos leitos de UTI em São Paulo.
“A partir desses quatro pedidos, recebemos apenas a habilitação de leitos de UTI. Eram 2,8 mil leitos a ser habilitados, sendo que faltam 1,2 mil ainda. Foi uma entrega parcial do que pedimos”, reclamou Germann. Até o momento, o governo federal entregou menos da metade do número de respiradores previsto pelo Ministério da Saúde para o mês de maio. “Dos EPIs, nada. Os 200 respiradores, nenhum recebemos. Foi nos prometido 25 respiradores na semana passada e, com a saída (de Teich do Ministério da Saúde), também não recebemos. O epicentro da Covid no Brasil é São Paulo, e não recebemos um único respirador do ministério ao longo desses 70 dias de pandemia. Zero de EPIs, nem uma máscara sequer”, completou Doria.
Seletividade política
Ao fim da coletiva, Doria abriu o microfone para enviar um recado ao presidente Bolsonaro, pedindo que não faça “seletividade política” no atendimento médico aos brasileiros, mas que, se houver, São Paulo “irá reagir”.
“Espero, como governador de São Paulo, estado onde temos 46 milhões de habitantes, que o governo federal não faça seletividade política dos brasileiros que podem e não podem sobreviver. Eu tenho a convicção que isso não será feito. Se for feito, quero dizer que São Paulo vai reagir (...). Se São Paulo continuar a não receber respiradores, leitos e atenção desejada, o governo federal estará decretando a morte dos brasileiros em São Paulo. E sobre isso, nós reagiremos”
O protesto do governador ocorreu no dia em que o estado ultrapassou México, Bélgica e Arábia Saudita no número de casos confirmados da Covid-19. Ao todo, São Paulo tem 63.066 infectados e 4.823 óbitos atestados por decorrência da doença. No Brasil, foram confirmados 254.220 casos da Covid-19, além de 16.792 mortes. Como tentativa de adiar o decreto de lockdown, Doria e o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), articulam um “mega-feriadão” de 6 dias, entre esta quarta-feira (20/5) e a próxima segunda (26/5), para elevar as taxas de isolamento social da capital e do estado como um todo. Em regime de urgência, a Câmara dos Vereadores de São Paulo já aprovou a antecipação de dois feriados municipais para amanhã e quinta-feira (21/5).
Fontes: Yahoo Notícias / www.poptvnews.com.br