Quarta-feira, 27 de
Novembro de 2024
Brasil

Acusações

“Desonesto e mentiroso”, diz Mandetta sobre Paulo Guedes

Um ano após primeira morte no Brasil, coronavírus já matou mais que a Aids em toda história no país

Foto: EVARISTO SA/AFP via Getty Images
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Ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta foi demitido do cargo em abril de 2020

17 março, 2021

Nesta quarta-feira (17/3), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta reagiu às declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que disse que o Brasil está atrasado na busca por vacinas contra covid-19 desde a época que a pasta da Saúde era comandada por Mandetta, no começo da pandemia. "A entrega da vacina não está atrasada só agora, não. No primeiro dia, (Luiz Henrique) Mandetta (ex-ministro da Saúde) saiu com R$ 5 bilhões no bolso. É desde aquela época que deveríamos estar comprando vacina, não é mesmo? O dinheiro estava lá", declarou Paulo Guedes. Um ano após primeira morte no Brasil, coronavírus já matou mais que a Aids em toda história no país “É inacreditável que o homem responsável pela economia do país esteja criando uma narrativa mentirosa para disfarçar a própria incompetência, dele e do governo do qual faz parte”, acrescentou o ex-ministro à colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo. “A incompetência e o negacionismo, aos quais Paulo Guedes sempre fez coro, dizendo que a economia era o mais importante, nos levaram a essa situação, em que faltam imunizantes”, disse. "Essa política está condenando pessoas à morte e empresas à falência, por responsabilidade dele e do governo". Segundo ele, os R$ 5 bilhões a que Guedes se refere foram destinados à compra de 15 mil leitos de CTI (Centro de Terapia Intensiva) e equipamentos de proteção individual, como máscaras, e testes “que o governo não usou e deixou vencer”. Mandetta, que deixou o cargo em abril de 2020, lembra que os primeiros testes de vacinas contra o novo coronavírus foram anunciados em maio. “Em 16 de abril, eles me exoneraram, não me deixaram trabalhar porque o meu caminho sempre foi pela ciência”, afirma. “Eu sempre disse que o caminho de saída seria pela ciência e que compraríamos vacinas assim que tivéssemos a primeira oferta”, disse. Os imunizantes começaram a ser negociados entre junho e julho, quando os Estados Unidos, por exemplo, compraram doses da Pfizer. A farmacêutica alega que, em agosto, fez uma proposta ao governo brasileiro e não obteve resposta. A primeira vacina no mundo foi aplicada em 8 de dezembro de 2020  no Reino Unido.

Mudanças no Ministério da Saúde em meio à crise

O presidente Jair Bolsonaro já trocou quatro vezes de ministro da Saude desde o início da pandemia do novo coronavírus. Na terça o novo ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, foi anunciado após pressão pela saída do general Eduardo Pazuello. O novo ministro discursou na noite da terça, pouco antes do recorde de mortes ser anunciado. Defendeu o uso de máscaras e pediu para que brasileiros lavem suas mãos. Falou isso após defender que com essas medidas simples, somadas a um bom plano de vacinação, a economia não vai precisar parar.

Ritmo lento de vacinação contra covid faz Saúde colapsar

Em paralelo a isso, o ritmo dos números de pessoas vacinadas pelo país ainda é lento, indo de encontro a uma tradição brasileira de vacinar em larga escala devido ao alcance do Sistema Único de Saúde (SUS). Se o ritmo atual de vacinação for mantido, por exemplo, a população total do estado do Rio, terceiro mais populoso do país, só será imunizada em pelo menos dois anos, ou 775 dias. Para imunizar até o final deste ano toda a população do estado apta a receber o imunizante, com mais de 18 anos de idade, 12,7 milhões de pessoas, seria preciso mais que triplicar o número de aplicações diárias. A projeção é do painel MonitoraCovid, produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que também prevê 995 dias, ou dois anos e meio, o tempo para que todo o País seja vacinado contra a Covid-19. Os cálculos são do epidemiologista Diego Xavier, responsável pelo MonitoraCovid da Fiocruz, em entrevista ao jorna O Globo. Ele alerta, no entanto, que a recente paralisação da vacinação no Rio e em outras cidades ainda não entrou nos cálculos, e a projeção de vacinar toda a população poderá ser ampliada. Diego destaca que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem condições de fazer as aplicações diárias necessárias, mas a logística depende da disponibilidade de vacinas e da coordenação eficaz entre todos os entes envolvidos.

Estados que mais vacinaram contra covid (em %)*

Amazonas - 8.57%

São Paulo - 6.43%

Distrito Federal - 5.62%

Mato Grosso do Sul - 5,6%

Rio Grande do Sul - 5,46%

* Dados atualizados em 16/3/2021

Fontes: Yahoo Notícias / O Globo / www.poptvnews.com.br