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Novembro de 2024
Brasil

Violência

Cresce a violência contra os jornalistas

Relatório da Federação Nacional dos Jornalistas aponta que 227 profissionais sofreram algum tipo de agressão em 2018

Foto: Divulgação
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A presidente da Fenaj, Maria José Braga, apresentou o relatório sobre a violência contra jornalistas

14 setembro, 2019

Da Redação

Rio de Janeiro (RJ) - Os casos de violência contra jornalistas em 2018 cresceram 36,36%, em relação a 2017. Foram 135 ocorrências de violência, entre elas um assassinato, que vitimaram 227 profissionais. Os números mostram que esse crescimento esteve diretamente relacionado à eleição presidencial e episódios associados a ela, como a condenação e prisão do ex-presidente Lula. É o que mostra o Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2018, apresentado recentemente  pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) no Rio de Janeiro. Além do número de casos de violência ter crescido, o jornalista Ueliton Bayer Brizon foi assassinado em Rondônia.  Eleitores/manifestantes foram os principais agressores, sendo responsáveis por 30 casos de violência contra os jornalistas, o que representa 22,22% do total. Entre esse grupo, os partidários do presidente eleito Jair Bolsonaro foram os que mais agrediram a categoria, somando 23 casos. Já os partidários do ex-presidente Lula, que não chegou a ser candidato, estiveram envolvidos em sete episódios. A greve dos caminhoneiros (movimento com características de locaute) também contribuiu para alterar o perfil dos agressores. Com 23 casos (17,04% do total), os caminhoneiros ficaram sem segundo lugar na lista dos que cometeram atos de violência contra os jornalistas. Caminhoneiros e eleitores/manifestantes foram os responsáveis pelo crescimento significativo do número de agressões físicas, agressões verbais, ameaças/intimidações e impedimentos ao exercício profissional. Os jornalistas foram vítimas também de políticos, policiais, juízes, empresários, dirigentes/torcedores de times de futebol e populares. Além do assassinato, das agressões físicas e verbais, das ameaças/intimidações e dos impedimentos ao exercício profissional, houve ainda casos de cerceamento à liberdade de imprensa por decisões judiciais, censuras, atentados, prisão e práticas contra a organização sindical da categoria. Para a presidenta da FENAJ, Maria José Braga, o crescimento da violência contra jornalistas é uma demonstração inequívoca de que grupos e segmentos da sociedade brasileira não toleram a divergência e a crítica e não têm apreço pela democracia. Segundo ela, é preciso medidas urgentes por parte do poder público e das empresas de comunicação para garantir a integridade dos profissionais. Entre as medidas defendidas pela FENAJ, estão a criação de um protocolo de atuação das polícias em manifestações públicas e a garantia, por parte das empresas de comunicação, de adoção de medidas mitigatórias dos riscos para cada situação específica. “Essas medidas podem e devem variar. Em um caso pode ser necessário, por exemplo, a utilização de equipamentos de proteção individual. Em outro, pode ser melhor o jornalista não estar sozinho”, comentou. Maria José também ressaltou o crescimento das ameaças/intimidações e agressões verbais praticadas por meio das redes sociais. Para a ela, esses casos também são graves e precisam ser denunciados, para que os agressores sejam identificados e punidos. Durante a apresentação do relatório, na sede do Sindicato dos Jornalistas do município do Rio de Janeiro, o jornalista Marcelo Auler fez uma exposição sobre o caso de censura imposto pela delegada Érica Mialik Marena a seu blog ‘Marcelo Auler Repórter’ por meio de uma ação na Justiça. Ela é integrante da Operação Lava Jato em Curitiba. Também a jornalista Melissa Munhoz relatou o episódio de sua prisão por um guarda municipal quando fazia uma cobertura jornalística pelo SBT no Rio de Janeiro, quando acabou demitida pela empresa. Mas, alguns profissionais da imprensa alegam que além da violência física, no Brasil ainda impera a violência psicológica através das intimidações de ordem econômica. " existem nas esferas  governamentais, mecanismos econômicos  utilizados pelos  agentes   do Poder,   que de forma  descarada,  ameaçam  às empresas de comunicações e os  profissionais da imprensa, através de verbas publicitárias governamentais " - declarou  um jornalista que por questão de segurança não quis de identificar.