Brasília (DF) - O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, senador Renan Calheiros (MDB-AL) criticou a ida do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) ontem (12/5) à CPI, quando o filho 01 do presidente chamou Calheiros de "vagabundo". Flávio não é membro da comissão. "Aos pregadores do ódio, vimos o filho do presidente vir aqui com a missão de fazer uma única coisa: ofender e escrachar. Minha resposta é este número de vítimas [...] A resposta a essas ofensas é aprofundar a investigação". Renan usa uma placa com o número de mortes pela Covid no Brasil. O relator também citou viagem que o presidente Jair Bolsonaro faz hoje a Alagoas para inaugurar, segundo ele, obra realizada pelo governo estadual, "para provocá-lo". A sessão de ontem da CPI foi suspensa após o bate-boca entre os senadores Renan Calheiros e Flávio Bolsonaro. "Imagina a situação: um cidadão honesto ser preso por um vagabundo como o Renan Calheiros. Olha a desmoralização, estão perdendo a visão do todo. Você é um vagabundo, rapaz", afirmou Flávio Bolsonaro. "Aceito isso como um elogio. Vagabundo é você que roubou dinheiro do pessoal do seu gabinete. Você é que é (vagabundo)", disse Renan. "Quer aparecer, rapaz. Quer aparecer, rapaz. Se foder", respondeu o filho do presidente. O filho 01 do presidente se irritou com o pedido de prisão do ex-secretário de comunicação do governo Bolsonaro Fabio Wajngarten, feito por Calheiros, após diversas contradições do depoente. Renan Calheiros insistiu que Wajngarten cometeu falso testemunho ontem. "Ficou inequivocamente comprovado que o ex-secretário mentiu a esta CPI e cometeu o crime de falso testemunho". Entre os motivos justificados por Renan Calheiros para pedido de prisão, está, por exemplo, a mudança de versão dada por Wajngarten na negociação para compra de vacinas da Pfizer. A CPI da Covid ouviu hoje (13/5) o ex-CEO da Pfizer no Brasil Carlos Murillo.
Wajngarten muda versão da entrevista à Veja
A revista Veja divulgou o áudio em que o ex-secretário de comunicação do governo Bolsonaro Fabio Wajngarten declara que houve "incompetência" na gestão da pandemia da covid-19 no país. Em sua fala na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, nesta quarta-feira (12/5), o ex-chefe da Secom negou ter dado as declarações com críticas à gestão do ministro Eduardo Pazuello à frente do Ministério da Saúde durante as negociações para a compra de vacinas contra a covid-19. Ao ser questionado pelo repórter se foi "negligência ou incompetência" o atraso na aquisição de vacinas , Wajngarten declara: "Foi incompetência. Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando a negociação e tem do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é sete a um". Nesta quarta-feira (12/5), ele negou que tenha participado de negociações para a compra de vacinas da Pfizer. "Em nenhum momento a Secom (Secretaria de Comunicação) negociou valores, negociou condições contratuais", disse Wajngarten, ao ser questionado por Renan Calheiros. Por outro lado, ele afirmou ter condições técnicas de fazer a negociação. "Primeiro porque minha formação é jurídica, segundo porque tenho experiência na negociação de contratos internacionais", declarou. A fala de Wajngarten na CPI contraria o que ele disse em entrevista à revista Veja. À publicação, o ex-secretário afirmou: "Me coloquei à disposição para negociar com a empresa, antevendo o que estava para acontecer: o presidente seria atacado e responsabilizado pelas mortes. A vacina da Pfizer era a mais promissora, com altos índices de eficácia, segundo os estudos". Em abril, ele ainda revelou que as negociações avançaram. Na CPI, a postura foi diferente. "Não participei de negociação propriamente dita, eu quis encurtar e aproximar pontas, diante de uma carta que não foi respondida. E a comunicação sofria com isso, diante dos questionamentos que recebíamos", afirmou na quarta-feira (12/5). Wajngarten ainda negou que a Pfizer tenha oferecido 70 milhões de doses da vacina contra a covid-19. O ex-Secom falou em um número "irrisório" de 500 mil doses do imunizante. "Isso foi objeto de grande discussão minha com a Pfizer, porque eu sempre busquei mais vacina no menor prazo", disse Wajngarten.
Fontes: Tahoo Notícias / www.poptvnews.com.br