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Alcoolismo

Lula já expulsou jornalista americano do Brasil por fazer matéria sobre seu vício em álcool

Larry Rohter publicou uma matéria no New York Times, em que falava dos excessos de Lula com a bebida

Foto: divulgação
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Lula já expulsou jornalista americano do Brasil por fazer matéria sobre seu vício em álcool

10 janeiro, 2020

Brasília (DF) - Um forte murro na mesa, uma seqüência de palavrões e a ordem expressa para expulsar do Brasil o jornalista americano Larry Rohter, correspondente do The New York Times no país. A reação emocional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à reportagem publicada no dia 9 de maio de 2004,  sugerindo que o presidente tem problemas com o álcool, transformou uma discussão sobre leviandade jornalística num desastroso incidente internacional. Em questão de horas, jornais do Primeiro Mundo passaram a tratar como intolerante e autoritário o operário que um ano atrás os tinha impressionado ao virar presidente depois de uma luta histórica pela democracia. ''Se, por um lado, a notícia foi maldosa, a reação foi burra. E muitas vezes a burrice é pior que a maldade'', criticou o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior. Na sexta-feira (17/05), diante da constatação do estrago à imagem do presidente, o governo arranjou uma saída para tirar Lula do olho do furacão. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos - que era contra a expulsão -, procurou os advogados contratados pelo New York Times no Brasil e propôs um acerto. Os advogados do escritório Pinheiro Neto entregaram a Bastos um pedido formal de suspensão da medida com oito itens. Nos dois últimos, Rohter declara ''jamais ter tido a intenção de ofender o excelentíssimo presidente da República'' e diz lamentar os constrangimentos que a reportagem possa ter causado. ''O requerente manifesta sua preocupação por entender que a versão de seu texto para o português não tenha sido fidedigna'', diz a nota. Em resumo: Rohter manteve o que escreveu, o governo pode dizer que recebeu um pedido de desculpas e a culpa caiu em cima do tradutor da reportagem para o português. Como a saída foi arranjada na base da malandragem, houve mais confusão. No começo da noite, pouco depois do anúncio de Márcio Thomaz Bastos, a direção do New York Times divulgou uma nota negando que tenha havido retratação por parte de Rohter. ''Graças a Deus o governo arranjou uma desculpa para não ir adiante com um erro tão grande'', ironizou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio. Mais espantosa das várias trapalhadas que o governo Lula já protagonizou, a fúria contra o NYT ressaltou a incapacidade do governo de lidar com crises e antever as conseqüências das decisões que toma. Pior. Em vez de conter, amplifica as dificuldades que surgem pela frente. Exemplos não faltam: foi assim na semana em que se sucederam reuniões para a definição do novo valor do salário mínimo. O debate interminável criou a falsa expectativa de aumento maior e, ao final, acabou-se anunciando o valor previamente definido pela equipe econômica, indispondo o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, com colegas de ministério.

''Se eu deixar que me chamem de bêbado sem fazer nada, daqui a pouco alguém vai dizer que eu sou gay e vocês não vão me deixar fazer nada''
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, presidente

Desta vez, para forçar Rohter e o New York Times a se retratar, Lula colocou o mundo inteiro contra o Brasil. No plano interno, foi confrontado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que garantiu o direito de o jornalista permanecer no Brasil. Antes do governo Lula, a história nacional só registrara a expulsão de jornalistas durante a ditadura militar. Em 1970, o governo Médici expulsou o francês François Pelou por ter vazado para os jornais estrangeiros a lista com os nomes dos guerrilheiros que deveriam ser soltos em troca da liberdade do embaixador da Suíça, Giovanni Enrico Bücher. Lula conduziu pessoalmente a crise jornalística desde, quando recebeu de sua assessoria a tradução da matéria do New York Times 

Fonte: Memórias / Poptvnews