Por Silvana Marta
Não estamos falando de 1 milhão de reais. Falamos de R$ 83,9 milhões. Esse dinheiro tinha endereço certo: combater a fome e a miséria de famílias em condição de extrema pobreza no nordeste através do programa Bolsa Família, criado nos governos Lula e Dilma. Neste ano, a região teve apenas 3% dos benefícios concedidos no mês de janeiro pelo g overno federal dos 36% cadastrados. Agora esse dinheiro vai para a comunicação institucional da Presidência da República conforme portaria publicada hoje no Diário Oficial da União (4/6), assinada pelo Secretário Especial da Fazenda, Waldery Rodrigues Junior. O programa Bolsa Família não deve ser prioridade no governo Bolsonaro. Está claro que a direita não prioriza programas sociais, mas sim, as elites pelas quais foi eleito. Mas o caso em pauta é interessante: não são as elites que estão sendo beneficiadas, e sim, as propagandas para manter o povo ludibriado, enquanto as ações mais importantes são encobertas por uma cortina de fumaça, como por exemplo, a morte de 32.548 pessoas hoje (4/6) no Brasil pela Covid19 ou os 20 dias sem ministro da saúde em frente aos caos provocado pela doença que passam principalmente os estados do Amazonas, Ceará Pernambuco, Manaus, Pará, Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, quatro deles do nordeste. Os R$ 83,9 milhões foram desviados da verba do Bolsa Família no nordeste para gastar com comunicação no Planalto. Ao todo foram veiculados mais de 2,065 milhões de anúncios em redes sociais em portais que espalham notícias falsas, oferecem investimentos ilegais e aplicativos de conteúdo pornográfico", segundo relatório produzido pela CPMI das Fake News. O nordestino padece, não é de hoje, e todos sabemos disso. Segundo o mapa da fome produzido pela Organização da Alimentação e Agricultura (FAO em inglês), a fome voltou a crescer no Brasil e ameaça o principalmente os nordestinos. A população do semiárido voltou a sentir a ausência de políticas estruturais para a região. Bolsonaro não acredita que brasileiros passam fome. Segundo uma declaração sua de 22/07/2019, “passar fome no Brasil é uma grande mentira”. Talvez essa seja uma das políticas de seu governo: morrer gente! “Vai morrer gente? Sim, e daí?” (Jair Bolsonaro). E anotem aí: ao final do mandato, o governo de Bolsonaro terá publicado milhões de anúncios em sites ligados a notícias falsas. Quatro anos de farra para um homem que se diverte e brinca de ser presidente da República; tira dinheiro de um povo desigual que "morre de fome" e precisa urgente de políticas públicas de desenvolvimento econômico e social.
Silvana Marta de Paula Silva, Advogada e Jornalista
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