Às vésperas de entrar em campo pelo Real Madrid para o clássico contra o Atlético de Madrid, Vini Jr. foi vítima de racismo nos arredores do estádio Metropolitano. Em um vídeo, capturado pela Rádio Cadena Cope, um grupo considerável de torcedores entoava um cântico que dizia: "você é um macaco". Esse não é o primeiro caso de racismo sofrido pelo atacante de 22 anos, cria do Flamengo, só nesta semana: na última quinta-feira (15), durante o programa esportivo "El Chiringuito", o presidente da Associação Espanhola de Empresários de Jogadores, Pedro Bravo, criticou as dancinhas feitas por Vini para comemorar suas vitórias em campo. De acordo com o agente, o jogador deveria "parar de fazer macaquice" e, caso quisesse dançar, deveria ir ao "sambódromo do Brasil". "Tem que respeitar o adversário. E quando você marca um gol em seu adversário, se quiser sambar, vá para o Sambódromo, no Brasil. Aqui, o que você tem que fazer é respeitar seus companheiros de profissão e deixar de brincar de macaco. Tem que respeitar", disse. Com a repercussão da fala, o Real Madrid saiu em defesa do jogador: "O Real Madrid CF repudia todo o tipo de expressões e comportamentos racistas e xenófobos no campo do futebol, do desporto e da vida em geral, como os lamentáveis e infelizes comentários feitos nas últimas horas contra o nosso jogador Vinicius Júnior", dizia nota divulgada à imprensa, que ainda afirmava que o clube havia instruído "seus serviços jurídicos a tomar medidas legais contra qualquer pessoa que use expressões racistas contra nossos jogadores". Em suas redes sociais, Vini Jr. emitiu comunicado falando sobre o que havia acontecido e prometeu que não ia deixar de fazer suas dancinhas em campo. "A felicidade de um preto, brasileiro, vitorioso na Europa incomoda muito mais. Mas a minha vontade de vencer, o meu sorriso são muito maiores do que isso. Fui vítima de xenofobia e racismo em uma só declaração, mas nada disso começou ontem (...). Aceitem, respeitem ou surtem. Eu não vou parar", declarou. Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid, também se pronunciou na ocasião, mas minimizou o caso: "Na Espanha, não vejo essa forma de racismo (...). Uma coisa é racismo, outra coisa é o que acontece em campo, com as provocações. O outro tema é racismo, que é muito mais importante do que o futebol se manifestou muito bem em seu comunicado e pronto", declarou. Com a repercussão negativa, Bravo tentou se desculpar em suas redes sociais. A explicação dada foi de que a expressão "hacer el mono", ou "brincar de macaco", foi usada "metaforicamente", sem "intenção de ofender" o atleta do Real Madrid. "Quero esclarecer que a expressão 'brincar de macaco' que usei mal para descrever a dança de comemoração do gol de Vinicius foi feita metaforicamente. Como minha intenção não era ofender ninguém, peço sinceras desculpas. Sinto muito", escreveu.
Mundo