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Dezembro de 2024
Mundo

Olimpíada de Tóquio 2021

Pela primeira vez desde 1912, dois competidores do atletismo dividem a medalha de ouro

"Podemos ter dois ouros?", perguntou Barshim

Foto: Divulgação
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Barshim (à esquerda) perguntou ao juiz se eles poderiam ter duas medalhas de ouro, que acenou positivamente

02 agosto, 2021

Tóquio (Japão) -  Depois de uma competição exaustiva que durou mais de duas horas, os dois estavam empatados no placar. Mas, em um momento de nobreza competitiva, eles concordaram em finalizar a disputa e dividir o título. Tanto Barshim, de 30 anos, quanto Tamberi, de 29, haviam feito saltos de até 2,37 metros e não tiveram tentativas frustradas até chegarem aos 2,39 metros. Depois de três falhas de cada um, um dos juízes da prova ofereceu que eles tentassem um desempate para definir quem seria o grande vencedor. "Podemos ter dois ouros?", perguntou Barshim. O juiz acenou positivamente com a cabeça. Os dois atletas apertaram as mãos e gritaram de alegria. "Eu olhei pra ele, ele olhou pra mim, e nós entendemos", disse Barshim. "Ele é um dos meus melhores amigos, não só na pista, mas também fora dela. Trabalhamos juntos. É um sonho que se torna realidade. Esse é o verdadeiro espírito desportivo e estamos aqui para transmitir esta mensagem," acrescentou o atleta do Catar.

Feito histórico
Os dois saltadores fizeram história: foi o primeiro pódio olímpico conjunto no atletismo desde 1912, quando aconteceu a Olimpíada de Estocolmo, na Suécia. Naquela ocasião, o americano Jim Thorpe e o norueguês Ferdinand Bie dividiram o primeiro lugar na prova do pentatlo. De volta a 2021, Tamberi e Barshim se abraçaram antes de sair correndo para comemorar com os treinadores e os companheiros de equipe. Ambos carregavam a bandeira de seus países na celebração.

Mutaz Barshim e Gianmarco Tamberi
Barshim perguntou ao juiz se eles poderiam ter duas medalhas de ouro, que acenou positivamente
Barshim acaba de somar a medalha de ouro olímpica a seus títulos mundiais consecutivos, conquistados em 2014, 2017 e 2019. Ele também ganhou a segunda medalha de ouro do Catar na Olimpíada de Tóquio. O primeiro representante do país a subir no lugar mais alto do pódio foi Fares Elbakh, que foi campeão do levantamento de peso na categoria 96kg masculino. O italiano Tamberi ainda estava festejando na pista de atletismo quando seu compatriota Lamont Marcell Jacobs se somou à comemoração, após a surpreendente vitória dele na final masculina dos 100 metros rasos.

Gianmarco Tamberi e Lamont Marcell Jacobs
Tamberi abraça Jacobs, que agora é o homem mais rápido do mundo. Tamberi e Barshim tiveram que superar lesões graves em suas carreiras, mas acreditam que os sacrifícios valeram a pena. "É incrível. Este é um sonho do qual não quero acordar", disse o saltador do Catar. "Já passei por muita coisa. Há cinco anos estou esperando [a conquista], com lesões e muitos contratempos. Mas hoje estamos aqui compartilhando esse momento e todos os sacrifícios", completou. Tamberi precisou de um tempo para se recuperar de uma lesão que ameaçou sua carreira e o eliminou da Olimpíada de 2016, disputada no Rio de Janeiro. "Depois das minhas lesões, só queria voltar. Agora tenho este ouro, o que é incrível. Sonhei com isso tantas vezes...", declarou o italiano. "Disseram-me em 2016 que eu corria o risco de não poder mais competir. Foi uma longa jornada", acrescentou. O pódio do salto em altura ainda contou com a presença de Maksim Nedasekau, de Belarus, que ficou com o bronze.  Ele também saltou 2,37 metros, mas teve mais tentativas fracassadas ao longo da disputa.