p/ Paulo Galvão
Milão (Itália) - “Observar os pacientes morrendo sozinhos, escutá-los pedir que nos despeçamos de seus filhos e netos por eles”, assim a médica Francesca Cortellaro define o drama vivido no Hospital San Carlo, em Milão. Com base no depoimento dela durante entrevista, o vereador Lorenzo Musotto resolveu lançar a campanha “O direito de dizer adeus”, que usa a tecnologia para oferecer algum conforto a pacientes terminais no Norte da Itália. O país europeu tem o maior número de mortes causadas pelo novo coronavírus, quase 8 mil. Somente nessa quarta-feira (25) foram mais 680, segundo dados divulgados pelo jornal Corriere della Sera. Ao lado de correligionários do Partido Democrático, ele vem arrecadando dinheiro para a compra de tablets a serem doados a hospitais e clínicas que estão cuidando de quem está morrendo. Como o isolamento social tem se mostrado o mais eficaz para conter a COVID-19, eles não têm ao lado os entes queridos justamente quando tanto precisam. A ideia surgiu depois de acompanhar a entrevista da médica Francesca Cortellaro, chefe do Hospital San Carlo, na qual ela contou da dor das pessoas que entraram no hospital sozinhas e que foram embora em total solidão, cientes do que estava para acontecer, e da falta de meios tecnológicos para videochamadas para parentes. “Assim, decidimos comprar os aparelhos e permitir que os pacientes possam falar com os entes queridos uma última vez”, explicou o vereador. “Vou lhe dizer por que esse pensamento me machuca mais que a própria morte: porque certamente existem outras residências para idosos, hospitais e clínicas onde não há mais a possibilidade de dizer adeus em função da limitação da infecção. Infelizmente, não temos muito mais fundos após essa despesa”, completou. De forma involuntária, Francesca Cortellaro foi mentora de tudo. E revela todo o incômodo com a situação de quem está impedido de receber um último abraço. “Você sabe o que é mais dramático? Observar os pacientes morrendo sozinhos, escutá-los pedir que nos despeçamos de seus filhos e netos por eles”, disse a médica ao periódico italiano Il Giornale. Ela conta que uma idosa lhe havia pedido para ver a neta pela última vez antes de morrer. Como era impossível, pegou o telefone celular e fez uma chamada de vídeo. “Houve a despedida e logo depois ela (a paciente) se foi”, concluiu.
Expansão
Até o início da semana, 20 tablets haviam sido doados. A intenção é que a iniciativa se espalhe por outras partes da Itália e também possa ser copiada em outros países. “É por isso que peço que você entre em contato com os serviços de saúde da sua região para descobrir se hospitais e pacientes desejam receber doação desse tipo. Estou profundamente convencido da importância de máscaras, luvas, máquinas – e por isso os tablets são acompanhados de uma doação de mil euros (cerca de R$ 6 mil) –, mas o direito de dizer adeus, para quem sai e para quem fica, não deve ser superado”, finalizou Musotto.
O que é o coronavírus?
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Fonte: ESTADO DE MINAS Internacional / Poptvnews