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Execução

Irã executa jornalista por enforcamento

Medida ocorre após confirmação da condenação à morte por seu papel nos protestos contra o governo de Teerã em 2017 e 2018

Foto: ALI SHIRBAND / MIZAN NEWS AGENCY / AFP
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A organização Repórteres Sem Fronteiras (RFS) expressou "indignação" com a execução de Ruhollah Zam

12 dezembro, 2020

Teerã (Irã) - O Irã executou neste sábado o opositor Ruhollah Zam, que morou por anos como exilado na França, após a confirmação da condenação à morte por seu papel nos protestos contra o governo de Teerã em 2017 e 2018. "O contrarrevolucionário" Zam foi enforcado durante a manhã de sábado (12/12) após a confirmação de sua sentença pela Suprema Corte devido à "gravidade dos crimes" cometidos contra a República Islâmica, anunciou a televisão estatal.

O principal tribunal do país havia confirmado a pena de Zam na terça-feira

O porta-voz da Autoridade Judicial, Gholamhosein Esmaili, afirmou no dia 8 de dezembro que o Supremo Tribunal havia se pronunciado "há mais de um mês" sobre o caso de Zam e confirmado o "veredicto (anunciado em junho pelo) tribunal revolucionário" de Teerã. A União Europeia (UE) condenou "nos termos mais enérgicos" a execução de Zam e recordou sua "oposição irrevogável" ao uso da pena de morte em qualquer circunstância. "É imperativo que as autoridades iranianas defendam o direito ao devido processo dos acusados e acabem com a prática de utilizar confissões exibidas na televisão para estabelecer e promover sua culpa", afirmou em um com comunicado o gabinete do chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell. A organização Repórteres Sem Fronteiras (RFS) expressou "indignação" com a execução de Ruhollah Zam. Em uma mensagem no Twitter, a RSF, que acompanhava de perto o caso do opositor, indicou que "desde 23 de outubro havia alertado sobre a iminência da execução" à Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet. A RSF acrescenta que está "indignada que o Poder Judiciário iraniano e o patrocinador deste ato @ali_khamenei tenham cumprido a sentença", mencionando o líder supremo iraniano, Ali Khamenei. A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional, que chamou Zam de "jornalistas e dissidente", criticou durante a semana a confirmação da sentença. De acordo com a AI, a República Islâmica recorre cada vez mais à "pena de morte como arma de repressão", o que chamou de "espantoso".  Zam viveu no exílio na França durante vários anos, antes de ser detido pela Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica, em circunstâncias obscuras.  A detenção foi anunciada em outubro de 2019, mas o Irã não explicou onde e quando aconteceu. A justiça acusou o opositor, que tinha 47 anos, de estar "dirigido pelo serviço de inteligência francês" e ser apoiado pelos serviços secretos dos Estados Unidos e de Israel.

Corrupção na terra

Em uma carta enviada ao presidente francês Emmanuel Macron, a qual a AFP teve acesso, a coalizão de opositores iranianos democratas laicos no exílio Hamava pediu ao chefe de Estado que expulse o embaixador do Irã na França. Zam, que tinha o status de refugiado na França, dirigia um canal (AmadNews) na plataforma de mensagens Telegram. Ele foi condenado por desempenhar um papel ativo, com o canal, nos protestos do fim de 2017 e início de 2018. Ao menos 25 pessoas morreram nos distúrbios que afetaram dezenas de cidades iranianas entre 28 de dezembro de 2017 e 3 de janeiro de 2018. Teerã descreveu o movimento de protesto contra o elevado custo de vida como uma "sedição", que rapidamente ganhou um caráter político. Atendendo um pedido das autoridades iranianas, o Telegram encerrou o AmadNews, que tinha quase 1,4 milhão de seguidores. Teerã acusou o canal de "incitar a violência". O processo de Zam começou em fevereiro. Em junho, o opositor foi declarado culpado de todas as acusações apresentadas: "corrupção na terra", uma das acusações mais graves na República Islâmica - que pode ser punida com a pena capital -, "delitos contra a segurança interna e externa do país, espionagem para os serviços de inteligência franceses e insulto ao caráter sagrado do islã". Com pelo menos 251 execuções em 2019, o Irã é o segundo país que mais recorre à pena capital, atrás apenas da  China, de acordo com o mais recente relatório mundial sobre a pena de morte da Anistia Internacional.

Fontes: