Segundo relatos recentes da Organização Não Governamental Noor’Fatima, que atua na distribuição de refeições a pessoas em situação de rua em Portugal, tem se notado um aumento considerável na presença de pessoas dessa nacionalidade no último ano. Afirma Rita Borges, uma voluntária atuante na ONG. “Existem indivíduos que, apesar de estarem empregados, não conseguem pagar o aluguel e, então, mesmo trabalhando, vivem em situações precárias”, destaca Rita, apelando para uma visibilidade maior deste problema social. Uma reportagem da DW evidenciou essa questão ao encontrar diversos brasileiros em tal situação. No entanto, muitos evitaram as câmeras e gravações de entrevistas. Algumas justificativas apontam para o medo do que suas famílias no Brasil possam vir a pensar diante da situação. Essas pessoas, inclusive jovens, afirmaram terem buscado em Portugal novas oportunidades, porém acabaram se deparando com a dificuldade de encontrar trabalho ou mesmo empregos com salários insuficientes para custear necessidades básicas como alimentação e moradia.
Aumento do valor da moradia afeta população
Portugal tornou-se um símbolo de uma crise na Europa devido à disparada nos preços das moradias, principalmente nos grandes centros urbanos, o que torna a situação de pessoas em busca de emprego ainda mais vulnerável. “Eu cheguei aqui pagando 200 euros por um quarto. Depois subiu para 300, e agora chega a 400. É metade do meu salário. Não tem como pagar 50% do meu salário para dormir num quarto compartilhado”, relata Andreia Machado da Costa, uma marceneira que optou por viver em um acampamento para economizar.
Brasileiros acampando em busca de melhores condições
Andreia e muitos outros brasileiros seguiram o mesmo exemplo e criaram acampamentos nas regiões arborizadas, vivendo em comunidades de barracas. Mas nem todos veem este estilo de vida como uma solução definitiva. Muitos planejam apenas economizar o suficiente para retornar ao Brasil, como é o caso da cuidadora Marciele Botin de Pinho, que deixou um filho de seis anos no Brasil. “Eu só queria juntar dinheiro para voltar. Tenho muita vontade de voltar para o Brasil. Muita. Todo dia”, revela Marciele. No entanto, com a crescente dificuldade de achar trabalho e o aumento dos custos de moradia, essa continua sendo uma realidade dura para muitos brasileiros em Portugal.