Barra da Tijuca (RJ) - A youtuber Karol Eller - conhecida por ser pró-Bolsonaro e amiga da família do presidente - disse ter sido vítima de um "espancamento" no último domingo (15/12) na orla da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Em mensagem enviada à revista "Época", ela afirmou que levou uma sequência de chutes e socos no rosto. “Achei que ia morrer. Estou tomando muitos remédios, com muita dor ainda. Fui literalmente espancada”, disse Karol Eller em um áudio enviado à reportagem. Ela contestou a versão apresentada pelo homem identificado como o agressor, Alexandre da Silva, de 42 anos, nesta terça em depoimento na delegacia da Barra. Ele afirmou que Karol Eller iniciou a briga e que teria apenas se defendido. “Alguém que quer só se defender, não teria me espancado. Poderia se defender de outras mil formas possíveis. Ele me deu murros na cara, chutou meu rosto. Me deixou desmaiada no chão e fugiu do local do crime”, afirmou. Ela mencionou o comportamento homofóbico de Silva na discussão que resultou na agressão. “Ele assediou minha namorada. Disse palavras de baixo calão pra mim. Me chamou de sapatão. Me provocou dizendo (repetidas vezes): Você não é homem? Você é muito macho?”, questionou Karol Eller. “Ele teve sim uma atitude homofóbica. Mas não bateu em mim somente por isso. Tenho certeza que ele faria o mesmo com outra mulher (que não fosse gay) ou até mesmo outro homem.”
A influenciadora questionou a versão apresentada por Silva na delegacia:
“O depoimento prestado por ele é mentiroso. É uma questão de lógica. Olhe a estatura dele. É um homem forte. Eu sou mulher, não tenho condição alguma de entrar em atrito corporal com um homem. É óbvio que vou apanhar.” Nas redes sociais, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) compartilhou uma postagem em que acusa os agressores de serem de “esquerda” e que a violência teria sido motivada pelo apoio da vítima ao presidente. De acordo com a versão de Silva, a youtuber portava uma arma no quiosque da Barra e aparentava estar sob efeito de drogas. “Ele inventou essa história de arma, isso nunca existiu. Pelo contrário, era ele quem estava armado, assim com o amigo dele”, disse a youtuber.
O advogado de Karol Eller, Rodrigo Assef, também contesta o depoimento de Silva.
“Tudo que foi declarado por ele está desprovido de verdade, distante da realidade. Ele criou uma narrativa típica de um agressor desesperado e desconectado com a realidade”, disse. Em mensagem enviada à reportagem após o depoimento prestado na delegacia da Barra na noite desta terça, Alexandre da Silva criticou as “inverdades” que estariam sendo propagadas sobre o episódio. “Foi uma agressão mútua. Ela veio pra cima de mim, drogada. Sabe que uma pessoa drogada fica muito agressiva? Fica muito mais forte? Ela me agrediu e eu a agredi. Foi isso que aconteceu e nada mais. Não a ofendi com palavras de baixo calão. A tratei com muito respeito”, afirmou Silva, que negou existir uma atitude homofóbica na agressão. “Sou pai de família. Não sou homofóbico, não sou esquerdista.”
Lesão corporal e injúria por preconceito
A Polícia Civil investiga como homofobia as agressões sofridas por Karol Eller. O caso foi registrado como lesão corporal e injúria por preconceito na 16ª Delegacia de Polícia, na Barra da Tijuca. “Trata-se de um caso típico de homofobia, sem ligação com a militância da vítima. De acordo com os depoimentos, os agressores chamavam a Karol o tempo todo de sapatão e demonstravam claramente preconceito. Já requisitamos os exames de corpo de delito de todos os envolvidos e vamos fazer diligências para localizarmos câmeras que possam ter flagrado a confusão e possíveis testemunhas do fato”, afirmou a delegada Adriana Belém, titular da 16ª DP. Segundo a policial civil Suellen Silva dos Santos, namorada de Karol, as duas estavam no local quando conheceram um casal que estava acompanhado de um amigo. Na delegacia, ela narrou que, ao longo da conversa com o grupo, no domingo, Alexandre da Silva se referiu a Karol como “ele” e disse que ela “não era mulher, era homem”. Ainda em depoimento à polícia, Suellen narrou que, quando a namorada disse que queria ir ao banheiro, Alexandre teria sugerido que “ela fosse atrás do quiosque mesmo”, já que, como homem, “não precisava usar o sanitário”.
A agente disse também que o supervisor a teria elogiado, dizendo que ela era “uma morena muito bonita".
"Está fazendo o quê com isso? Isso é um homem?”, teria questionado Alexandre, que, conforme Suellen, começou a empurrar Karol de um jeito provocativo, tendo “desferido soco na mesma até derrubá-la no chão e deixá-la desacordada”. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, Karol deu entrada no Hospital Lourenço Jorge, também na Barra, e foi liberada na segunda-feira (16/12).
Fonte: Yahoo Notícias / O Globo / Poptvnews