Quinta-feira, 16 de
Maio de 2024
Geral

Companheirismo

Vira-lata adotada ajuda menina com deficiência

Eva Luiza, de 8 anos, nasceu com um problema neurológico e a mãe, Luziane Castro, resolveu acolher o animal resgatado por uma ong neste mês

Foto: Arquivo pessoal
post
Eva Luiza, de 8 anos, fica com Luna no colo

21 fevereiro, 2023

As histórias de vida de uma criança com deficiência e uma cachorrinha em situação de abandono se cruzaram no dia 12 de fevereiro deste ano. Esse encontro foi em Araguaína e desde então, Eva Luiza, de 8 anos e Luna não se desgrudam, conforme contou a professora Luziane Castro, mãe da Eva.Eva nasceu com um problema neurológico chamado hemi mega encefalia, que evoluiu para outras complicações. Com apenas quatro meses, precisou fazer uma cirurgia e desde então faz terapias. “Hoje a Eva tem uma vida comum, normal, de passear, estudar em todos os ambientes. Ou seja, procuramos levar a Eva e fazer com que ela seja participante e pertencente da sociedade, enquanto pessoa com deficiência. Com uma criança em lugares seguros, lá estamos nós rompendo barreiras. Essas barreiras só são rompidas quando essas famílias se conscientizam que não é a sociedade que vai vir buscar em casa”, pontuou. Por causa da condição, a menina precisa tomar medicamentos, não fala e não anda. Entretanto, para a mãe, a rotina é tranquila e conta com a ajuda de uma cadeira de rodas, carinhosamente apelidada de ‘carruagem’ ou ‘Penélope’ para o transporte de Eva. Já a cadelinha Luna, que ganhou esse nome por causa da personagem de desenho animado, também não teve uma vida tão fácil. Abandonada no Daiara, um local que fica a 12 km da cidade, foi resgatada por integrantes da Associação Protetora dos Animais de Araguaína (Apaa). Segundo a organização, são constantes os resgates de animais no setor e muitos são deixados principalmente por estarem doentes. Com cerca de quatro meses, ela estava muito magra, com carrapatos, mas felizmente não apresentou nenhuma doença em exames quando foi resgatada. Ficou 12 dias em um lar temporário e depois conseguiu ser adotada pela família da professora.

Interação entre as ‘meninas’
A família morava em um apartamento em Palmas e mesmo assim resolveu adotar dois gatos que estavam nas ruas. Mas a vontade de dar um lar para um cachorro também estava presente na vida deles, tudo para melhorar ainda mais o desenvolvimento da menina. Elas conheceram a situação de Luna por meio das redes sociais da Apaa. “Isso faz parte de um conjunto de estímulos para a Eva Luiza. Toda criança atípica gosta de animal, e a Eva não fala. Mas não quer dizer que ela ali, no mundinho dela, da forma dela, não tenha essa expressividade de querer também ver. Ela tem boa visão, boa audição e esses contatos a favorecem”, contou a mãe. O objetivo é que as ações de Luna, como o contato e até mesmo latidos levem um tipo de vivência a mais para Eva, que convive com tantas limitações. “Os latidos e afagos, isso também são estímulos. E os animais fazem isso com muita naturalidade, principalmente com crianças. São protetores e já é muito perceptivo o olhar dela para a Luna”, comemorou a mãe.
Como já tinha o contato com os gatos, a adaptação com Luna foi tranquila. “Ela faz afago nos animais. Eles estão perto dela, no alcance dela, ela também corresponde. Se os gatos chegam perto ela não bate. Ela gesticula com as mãos e tem a interação”, completou a professora. Elas ainda estão em um processo de interação, levando em consideração todos os cuidados necessários, mas a mãe comemora que as duas estão se dando bem. “É muito tranquilo”, afirmou, reforçando que pessoas com deficiência têm todos os direitos em todos os âmbitos da sociedade.