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Veterinário usa costela de vaca para fazer filhote de onça aprender a comer carne

Criadouro conservacionista fica em Abreulândia (TO) e acolhe vários animais silvestres; veterinário faz sucesso na web mostrando a rotina dos moradores.

Foto: Reprodução/Instagram
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O veterinário junto com a onça-pintada chamada Cantão

11 agosto, 2022

Um filhote de onça-pintada experimenta os primeiros pedaços de carne, enquanto um tamanduá-bandeira toma um leite especial na mamadeira. No outro canto, araras se refrescam em um banho gelado para amenizar o calor no Tocantins. O lar desses bichinhos fica em uma fazenda no município tocantinense de Abreulândia, na região do Cantão, uma das mais importantes áreas de conservação do Brasil. A fazenda que atua no setor do agronegócio, na criação de gado e no plantio de grãos, também serve de base para o Instituto Vale Rico, um criadouro conservacionista que tem como objetivo manter, reproduzir, reabilitar e reintroduzir os animais silvestres na fauna. O médico veterinário, Leonardo Egon Lorentz, de 31 anos, filho dos donos da fazenda, divide a rotina entre o agronegócio e a conservação das espécies silvestres. Nas redes sociais, ele chama a atenção ao compartilhar o dia a dia no local. Um vídeo mais fofo que o outro. Em um dos registros, ao som de uma trilha sonora romântica, uma arara-canindé pousa no braço do profissional para se alimentar. Em outro vídeo, uma ave pousa em um porquinho para pegar carona e dar uma voltinha. “Eu sou apaixonado por tudo isso, tenho a vida que eu pedi a Deus, não posso reclamar de nada, sempre sonhei em ser veterinário. Na infância, eu dizia que queria ter um zoológico e eu nunca imaginei que o instituto tomaria proporções grandes e chegaria a ter uma onça-pintada, por exemplo". A onça-pintada a que Leo se refere chegou há alguns meses e recebeu o nome de Cantão para homenagear essa região do Tocantins. Já é conhecido pelos seguidores no Instagram. Tem vídeo de apresentação e tudo mais. Por ter nascido em um criadouro localizado em Almas, não consegue viver sozinho, solto na natureza. No dia a dia, Leo mostra as refeições do Cantão. A onça começou a tomar leite, depois passou a comer carne moída. Dias atrás, experimentou, pela primeira vez, uma carne com osso, frango e pedaços de peixe. “Ele estava no leite específico, passou para a carne moída misturada com o leite para ir se acostumando com a carne. E depois começamos a colocar pedaços maiores de carne para estimular a mastigação. Naquele dia que fiz o vídeo, foi a primeira vez que dei um pedaço de osso. Foi mais para enriquecimento ambiental, para brincar e gerar esse contato. Ele estranhou porque nunca tinha visto o pedaço de carne daquele tamanho. Cada adaptação, precisa ser incluída devagar”, explicou o veterinário. Os pais de Leonardo apoiam o projeto e ajudam no cuidado com os bichos. Nos fins de semana, aproveitam para pescar na represa da fazenda e garantir mais uma novidade na refeição do Cantão. Carinhoso, o veterinário brinca com a oncinha e faz carinho, como se fosse um bebezinho. Mas, ele sabe que daqui a algum tempo, isso será praticamente impossível. “Como ele nasceu em cativeiro, ele é manso. O Cantão nos estranhava nos primeiros dias e eu fui incluindo cada vez mais pessoas no cuidado dele, porque é importante esse contato. A gente brinca, mas daqui um ano e pouco, a gente não vai aguentar as brincadeiras dele, não é um gatinho que vai ficar mordendo. Eles são fortes, pulam, arranham. A força e o tamanho vão triplicar. Mas a ideia é deixá-lo manso para facilitar o manejo porque ele vai ficar em cativeiro”. A ideia do projeto é que o Cantão faça parte de um programa de reprodução de onças-pintadas em cativeiro para ajudar a espécie a sair da lista de animais ameaçados de extinção. Inclusive, o instituto deve receber uma fêmea para garantir a formação da família. Na internet, uma vaquinha foi criada para arrecadar dinheiro e construir um espaço maior para a família de onças que será formada com o passar do tempo, além de outros animais que chegarão no espaço. Leonardo quer deixar o lugar confortável e seguro para os bichos. O instituto não tem fins lucrativos e sobrevive com a ajuda de doações e o investimento de empresas. O dinheiro que ele arrecada no Instagram, através de publicidade, também é direcionado ao projeto. Leonardo se formou em medicina veterinária em 2011 em uma faculdade de Goiás. No ano seguinte, se mudou para o Tocantins, onde começou a atuar como profissional responsável pela pecuária e agricultura da fazenda Vale Rico. Na época, uma moradora da região, que criava uma arara, disse que queria entregá-la para Leonardo porque a ave ‘gritava muito’. Ele passou a cuidar do animal e a postar o dia a dia com ele nas redes sociais. “Era tudo de forma ilegal porque na época eu não tinha muita noção da legislação”.