A farmacêutica Merck, responsável pela fabricação da ivermectina, informou em comunicado na quinta-feira (4/2) que não há dados disponíveis que sustentem a eficácia do medicamento contra a Covid-19. A indicação da droga é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a substância é recomendada também em um aplicativo desenvolvido pelo Ministério da Saúde com orientações de “tratamento precoce” contra o coronavírus. "Não acreditamos que os dados disponíveis sustentem a segurança e a eficácia da ivermectina além das doses e dos grupos indicados nas informações de prescrição aprovadas por agências regulatórias", diz o comunicado. Segundo a empresa, os cientistas seguem examinando as descobertas de todos os estudos disponíveis sobre o efeito do remédio para o tratamento de Covid-19, mas ainda não há nenhuma base científica que aponte um efeito terapêutico eficaz em pacientes diagnosticados com o coronavírus. A ivermectina é um vermífugo usado para promover a eliminação de vários parasitas do corpo. No Brasil, ao longo da pandemia ganhou força a informação sem base científica de que o remédio seria eficaz contra a Covid-19. Em agosto do ano passado, Bolsonaro anunciou que a Anvisa facilitaria o acesso ao remédio para uso contra a covid-19 ao não cobrar mais retenção de receita. Mas em julho a Anvisa já havia se pronunciado, sustentando que não existiam estudos conclusivos sobre o uso do medicamento nesse contexto. “As indicações aprovadas para a ivermectina são aquelas constantes da bula do medicamento”, reforçou a agência de vigilância sanitária. Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde, comandado pelo ministro Eduardo Pazuello, lançou o aplicativo TrateCOV para orientar o enfrentamento da Covid-19, mas que na prática recomendava o uso da ivermectina, além de outros medicamentos sem eficácia comprovada como cloroquina, para qualquer pessoa e até animais de estimação. O Ministério da Saúde afirma que o TrateCOV sugere o diagnóstico por meio de sistema de pontos que obedece "rigorosos critérios clínicos". No dia seguinte, a plataforma foi retirada do ar.