Em São Miguel do Tocantins, no extremo norte do Estado, as enchentes invadiram ruas e casas. Por causa da situação, famílias foram obrigadas a deixar as suas casas. O último levantamento da Defesa Civil, divulgado na manhã desta segunda-feira (3/1), mostra que escolas e igrejas estão lotadas com cerca de 200 desabrigados. O município entrou em alerta no dia 27 de dezembro, quando começaram as primeiras chuvas. O nível do rio Tocantins subiu cerca de 10 metros. Em muitos setores, pessoas estão formando uma força-tarefa para ajudar a tirar eletrodomésticos, móveis e outros pertences das residências afetadas. "É uma sensação ruim, constrangedora porque a gente cria animais, galinhas, tem cavalinho, cachorro. Tem o nosso desespero e dos animais porque a gente tem que tirar às pressas", disse o vigilante Jorge Humberto. A chuva não dá trégua. São mais de 12 horas seguidos de muita água. Casas localizadas na zona urbana foram afetadas. Alguns moradores continuaram nas residências e estão praticamente ilhados. O catador Albino Pereira precisa enfrentar a água para sair do imóvel. "Está difícil para nós aqui, meus vizinhos já saíram tudinho e eu fico só pensando em mim porque vou sair também". Ao todo, são cinco pontos de apoio cedidos pela prefeitura, mas está faltando lugar para abrigar tanta gente. A família da lavradora Eliane Pinto da Silva está em um dos abrigos. Ela, o marido e dois filhos dormem em uma só cama. Uma filha de 9 anos dorme em outro colchão. A mulher conta que uma quarta filha ficou com a avó porque no alojamento não tem mais espaço. A moradora de São Miguel perdeu boa parte dos móveis. Os itens que ela conseguiu reunir foram resultado de doações. "Perdi minha casa, a gente recebeu doações e assim estamos vivendo de uma forma muito difícil". Os desabrigados têm recebido cestas básicas e contado com a solidariedade de voluntários que preparam as refeições. Homens do Corpo de Bombeiros de Palmas foram enviados para dar suporte às operações. "A gente visitou as famílias, a gente observou aquelas que já estão em situação de emergência, nas quais suas casas foram tomadas pelas enchentes, essas a gente fez a remoção. Ao mesmo tempo que a gente percebeu que algumas dessas famílias estavam em situação de insegurança alimentar, a gente conseguiu cestas básicas para prestar esse primeiro atendimento", disse o sargento Caetano, do Corpo de Bombeiros.