Palmas (TO) - O governador afastado do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), falou na noite de sexta-feira (22/10) pela primeira vez após o afastamento do cargo por 180 dias. Em um vídeo de um minuto e 20 segundos de duração, o gestor disse ainda não saber do que está sendo acusado, garantiu ser inocente e afirmou esperar conseguir retornar ao cargo.Carlesse está afastado por determinação do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Mauro Campbell. Na quarta-feira (20), ele foi alvo de duas operações simultâneas da Polícia Federal. O político é investigado por suposto recebimento de propina e por interferência em investigações da Polícia Civil do Tocantins.
Confira o pronunciamento na íntegra:
"Aos meus amigos, que vocês têm visto ai nas redes sociais ultimamente. Toda esta confusão danada, o afastamento do governador. Eu só quero dizer a toda a sociedade, aos meus amigos que sempre confiaram em mim, pelo trabalho que nós realizamos e estamos realizando dentro do Estado do Tocantins, que eu estou só aguardando que venha a documentação para saber da acusação, no qual eu tive que me afastar temporariamente do governo. Só estou aguardando e assim eu poderei esclarecer aos senhores o motivo exato daquilo que estão me acusando. Porque neste momento ainda, os meus advogados não têm nenhum tipo de informação. A não ser as informações que estão ai nas redes sociais. Mas de qualquer maneira eu estou tranquilo. Quero agradecer a toda a comunidade que tem me apoiado, me ajudado, me mandado mensagens de carinho. E dizer que brevemente estaremos de volta, com fé em Deus. E provarei, sim, a nossa inocência, a minha inocência. E continuaremos trabalhando para que este Estado do Tocantins, ele cresça e se desenvolva cada vez mais. Um grande abraço no coração de todos vocês, obrigado".
O afastamento
Mauro Carlesse (PSL) deve ficar fora do Governo do Tocantins pelos próximos seis meses. A determinação é do Superior Tribunal de Justiça e foi motivada por denúncias apresentadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. A decisão individual foi tomada pelo ministro Mauro Campbell em apuração sobre suposto pagamento de propina e obstrução de investigações. “É uma medida drástica, mas reconheço que muito necessária”, afirmou o relator. Segundo a PF, o afastamento fez parte de duas operações complementares, que investigam:
Pagamento de propina relacionada ao plano de saúde dos servidores estaduais: a investigação, que teve início há cerca de dois anos, estima que cerca de R$ 44 milhões tenham sido pagos a título de vantagens indevidas;
Obstrução de investigações: A PF acredita que o governo estadual removeu indevidamente delegados responsáveis por inquéritos de combate à Corrupção conforme as apurações avançavam e mencionavam expressamente membros da cúpula do estado;
Incorporação de recursos públicos desviados: dados do Coaf mostram movimentações financeiras de grandes quantias, em espécie, sem comprovação de capacidade econômica, realizadas por pessoas ligadas ao governo;
Com o afastamento de Carlesse, quem assume o Poder Executivo durante este período é o vice-governador, Wanderlei Barbosa (sem partido). Ele tomou posse ainda na quarta-feira (20/10) e nesta sexta decidiu exonerar parte da equipe de Carlesse, que também tinha sido afastada temporariamente pelo STJ por causa da investigação.
Fontes: g1 Tocantins / www.poptvnews.comm.br