p/ Silvana Marta
Imagine assumir um Estado que foi castigado pela corrupção durante mais de 20 anos ininterruptos, onde ex-governadores administravam de braços dados com Carlos Cachoeira - o maior bicheiro do Brasil? Imagine ainda assumir um Estado acostumado às más práticas mafiosas de um grupo perigoso, conhecido como ‘Máfia Goiana’, que ficou no poder se locupletando da estrutura do Estado de Goiás, mormente a Segurança Pública, onde armas sem registro saíam do almoxarifado todos o dias? Imagine ter que desmontar uma estrutura de corrupção no Detran, antro da atuação do ex-bicheiro? Imagine ter que enfrentar a comunicação institucional onde o ex-governador Marconi Perillo gastava até 600 milhões de reais por ano, muito desse dinheiro usado para financiar ‘jornalistas’ que detinham blogs de fake news financiados pelo governo? Imagine ter que enfrentar uma Polícia Militar que foi alvo de inúmeras operações realizadas pela Polícia Federal que investigou a formação de de grupos de extermínio que agiam nos governos de Marconi Perillo? Você, caro e(leitor), diante dessas afirmações, teria coragem de ser governador do Estado de Goiás? Quais seriam as suas chances de sobreviver a este forte esquema criminoso, sem ir para a cadeia, enquanto os poderosos chefões sairiam ilesos, tamanho o seu poderio financeiro amealhado durante todo esse tempo? Você teria condições de permanecer em pé ou governaria ajoelhado?
Pois é! É isto que o governador Ronaldo Caiado está enfrentando em seu governo. Não há outra realidade, senão a acima colocada.
Goiás acaba de ser palco de dois grandes escândalos que ligariam servidores do governo à ações do bicheiro. O Delegado da Polícia Civil, hoje Deputado Estadual, Humberto Teófilo, denunciou nas redes sociais que a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego) teria fechado contrato com uma empresa do filho do contraventor Carlos Cachoeira, a ETS Importação e Exportação Eireli, para a construção de um shopping, na cidade de Anápolis. Assinaram o contrato Marcos Ferreira Cabral, presidente da Codego; Edmont Perreira Júnior, chefe do Departamento Jurídico; Isismar N. e Silva Gomes, Diretor Técnico; Carlos César S de Toledo, Diretor Administrativo; Alexandre Ribeiro, Diretor Financeiro; Nilson Gomes Carneiro, Secretário Executivo de Planejamento e Inovação, além de Fabiana Batista de Araújo Ferreira e João Pedro Maciel de Sant Anna Braga; como promitente comprador, o procurador da ETS Importação e Exportação Eireli, Flávio Roberto Varela Torres Júnior.
O Estado rompeu o contrato
Aliás, não é a primeira vez que Marcos Cabral tem seu nome em meio a falatórios. O Deputado Humberto Teófilo fez a seguinte afirmação: “A ligação de Cachoeira com o Governo Estadual nos preocupa”. Entretanto, há que se trazer à memória alguns fatos. Em 2004, a Polícia Federal investigou o desvio de R$ 7 milhões do INSS da Câmara Municipal de Goiânia. Segundo a denúncia, cheques emitidos entre os meses de novembro de 2001 e julho de 2004 para pagar contribuições previdenciárias de servidores comissionados da Câmara de Goiânia foram desviados. Entre os investigados estavam Zander Fábio, que era diretor da Casa, o presidente, Wladmir Garcez (2001–2002) e o vereador Amarildo Pereira.
Essa investigação virou ação na Justiça Federal
Posteriormente o ex-vereador de Goiânia Amarildo Pereira foi condenado por mais de 10 anos de prisão pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), acusado de corrupção, devido a processo relacionado ao desvio de R$ 7 milhões de reais destinado pela Câmara Municipal de Goiânia ao INSS. O ex-vereador Amarildo Pereira é pai do Deputado Estadual Delegado Humberto Teófilo (PSL), que prega em seus discursos o combate à corrupção, como foi o caso da denúncia do contrato da Codego. Portanto, os fatos acima narrados não apontariam que a ligação de Carlos Cachoeira está mais para o pai do Deputado Humberto Teófilo, Amarildo Pereira, do que para o Governo de Goiás, com ele afirmou, já que seu pai foi condenado em um esquema de desvio de dinheiro do INSS juntamente com o tido como braço direito de Cachoeira, Wladimir Garcez? Outra denúncia espalhada pelas redes sociais ligaria o Secretário de Segurança Pública afastado inteirinamente Rodney Miranda a esquema ilegais de grampos telefônicos e desvio de dinheiro, em um possível esquema de corrupção que também envolveria o bicheiro Carlos Cachoeira. Diante disso, a pergunta que não quer calar é: Estaria Carlos Cachoeira aliciando funcionários do Governo de Goiás para posteriormente expô-los como seus aliados em esquemas de corrupção, numa tentativa de denegrir a imagem do Governador Ronaldo Caiado para manchar sua reputação ilibada? Muita calma nessa hora. Acontece que não se corta uma árvore sem tirar as raízes. As raízes de Carlos Cachoeira estão entranhadas em Goiás, mas o Governador Ronaldo Caiado tem cortado uma a uma. Ninguém seria capaz de governar Goiás pós era Marconi Perillo, senão um Caiado chamado Ronaldo, médico, humanitarista, experiente político que tem 74% de aprovação em seu governo. A máfia goiana, como ficou conhecida a organização criminosa de Carlos Cachoeira, está agonizando, porque suas raízes estão sendo arrancadas de Goiás. Agora é Caiado. C’ést fini!
Silvana Marta de Paula Silva, Advogada e Jornalista
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