Quem mora ou passa por Palmas (TO) com certeza já viu as Araras-canindé, com suas belas penas amarelas e azuis, sobrevoando as avenidas da capital. Esses animais silvestres fazem parte da fauna do cerrado, mas estão ampliando seu habitat para área urbana. Na casa da autônoma Sandra Yabuuti tem um coqueiro que virou um point destas aves. A moradora conta que percebeu um aumento na frequência em que as visitantes aparecem. “Eu já cheguei a contar 23 araras aqui, fotografar as 23 araras. Há 10 anos eu via cinco, seis. Quando elas vêm em bando é simplesmente assim, é sensacional”, contou. No centro da capital, centenas de araras vivem e convivem diariamente com os moradores. Em cima dos coqueiros as aves até parecem uma pintura com cores e linhas perfeitas, mas olhando com atenção dá para ver que esse quadro se mexe e tem até som. “A natureza é o encontro com Deus, com o ser humano, com os bichos. É uma harmonia total”, comentou o Silvério Torrer, analista judiciário. Embora estes encontros sejam um privilégio, também refletem questões ambientais que vão bem além da beleza de contemplar essas aves. "Em volta da cidade a gente está vendo muito desmatamento e principalmente as queimadas que começam nesta época do ano. Então os animais acabam vindo para o ambiente urbano para se proteger", explicou a bióloga Ludmilla Weber de Oliveira. A especialista diz que é necessário preservar a vegetação na zona rural e também nas áreas urbanas. "Em Palmas nós temos um ambiente muito preservado, temos áreas verdes como o Parque Cesamar, áreas que cortam a cidade e muitas árvores frutíferas. Então elas vêm em busca de alimento e abrigo", comentou a especialista. Na casa da Sandra, essa lição está mais do que aprendida. "Se não fosse as árvores, o cajueiro mais o coqueiro, eu tenho plena certeza que eu não veria as araras tão de perto como eu consigo vê-las. Esse cajueiro e este coqueiro, enquanto eu estiver nessa casa, eles continuarão aqui", afirmou.
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