Palmas (TO) - O pai do ex-governador Marcelo Miranda (MDB), José Edmar Brito Miranda, de 85 anos, foi preso em um apartamento em Palmas. Ele é um dos alvos da operação 12º Trabalho, que está sendo realizada pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (26). O irmão do político, José Edmar Brito Miranda Júnior, também teve a prisão decretada e foi encontrado em Santana do Araguaia (PA). O advogado que representa a família Miranda informou que "a princípio não há fatos que justifiquem os pedidos de prisão", mas vai se posicionar somente após ter acesso à decisão. A operação 12º Trabalho, que levou à prisão do ex-governador Marcelo Miranda (MDB) em Brasília (DF), foi resultado de um trabalho conjunto entre o Ministério Público Federal e a Receita Federal. A ação busca cumprir 11 mandados de busca e apreensão, além das três prisões preventivas. Os prejuízos estimados são de mais de R$ 300 milhões. De acordo com a Polícia Federal, a ação busca apurar um esquema para a prática constante e reiterada de atos de corrupção, peculato, fraudes em licitações, desvios de recursos públicos, recebimento de vantagens indevidas, falsificação de documentos e lavagem de capitais, sempre com o objetivo de acumular riquezas em detrimento aos cofres públicos. São 70 policiais cumprindo os mandados expedidos pela 4ª Vara da Justiça Federal nas cidades de Palmas, Tocantínia, Tupirama e Araguaína, além de Goiânia (GO), Santana do Araguaia (PA), Sapucaia (PA) e São Felix do Xingu (PA). Ainda conforme a PF, após a investigação da família de Marcelo Miranda nas operações Reis do Gado (2016), Marcapasso (2017), Pontes de Papel (2017), Convergência (2017) e até na operação Lava-jato, constatou-se que o núcleo familiar sempre esteve no centro das investigações com poderes suficientes para aparelhar o estado, mediante a ocupação de cargos comissionados estratégicos para a atuação da organização criminosa. Além da obtenção de provas, a operação realizada nesta quinta-feira (26) busca interromper a continuidade do crime de lavagem de dinheiro. Pois, os investigados supostamente permanecem com ação criminosa utilizando-se de ‘laranjas’. Nesta quarta-feira (25), durante a operação Carotenóides, a PF prendeu um casal suspeito de ser laranja de Marcelo Miranda para o registro de veículos e imóveis. Para a Polícia Federal, com o avanço das investigações foi possível identificar que os ilícitos praticados pela organização criminosa estão agrupados ao redor de sete grandes eixos econômicos, que envolvem administração de fazendas e de atividades agropecuárias, compra de aeronaves, gestão de empresas de engenharia e construção civil, entre outros. Os mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em endereços de Marcelo e Brito Miranda em Palmas e Goiânia, em seis fazendas e uma empresa. Os alvos também tiveram os sigilos bancários afastados.
Entenda
Marcelo Miranda foi eleito governador do Tocantins três vezes, sendo cassado duas vezes. A última cassação foi por causa de um avião apreendido em Goiás com material de campanha e R$ 500 mil ligados a campanha do ex-governador em 2014. Ele também foi eleito senador da República, mas não pôde assumir porque foi considerado inelegível. Reis do Gado (2016): investigou um esquema de lavagem de dinheiro e fraudes em licitações públicas. Miranda chegou a ser conduzido coercitivamente para prestar depoimento no caso. Parentes dele foram indiciados, inclusive o pai, Brito Miranda. Marcapasso (2017): apurou fraudes em licitações, cobrança por cirurgias na rede pública e até a realização de procedimentos desnecessários em pacientes para desviar recursos. O ex-secretário estadual da saúde Henrique Barsanulfo Furtado foi um dos indiciados. Pontes de Papel (2017): investigou fraude organização criminosa que atuava dentro do Governo do Tocantins e é suspeita de desviar recursos destinados à execução de obras públicas e construção de pontes e rodovias no estado. Convergência (2017): Miranda foi indiciado em ação sobre fraude em contratos para construção de rodovias. Lava Jato: um delator da Odebrecht disse que Miranda recebeu R$ 1 milhão para campanha em 2014. Em 2019, o ex-governador também foi indiciado pela Polícia Civil em um inquérito que apura a existência de servidores fantasmas no governo do Tocantins.