Palmas (TO) - "O hospital estava superlotado, estava com 90 pacientes no corredor", relatou o secretário estadual de saúde Afonso Piva ao comentar o novo formato de atendimento no Hospital Geral de Palmas (HGP). No último fim de semana, o portão do pronto-socorro foi fechado. A unidade só vai receber casos graves, de alta complexidade ou pacientes autorizados pelo Núcleo Interno de Regulação (NIR). Em evento, o governador em exercício, Wanderlei Barbosa, disse que não foi comunicado da mudança e que hospital não é supermercado para fechar as portas. Por causa da decisão, ambulância que chegaram com pacientes do interior não conseguiram entrar na unidade. Nesta terça-feira (16/11), o secretário falou sobre o assunto durante entrevista concedida ao Bom Dia Tocantins. O titular de uma das pastas mais desafiadoras do estado disse que a decisão de fechar o portão foi tomada pela equipe médica. "Os médicos falaram que se continuasse recebendo do jeito que estava, sem critério, ia chegar a 200 pacientes nos corredores. Então, qual foi a medida tomada pela equipe técnica? Só vamos receber paciente que realmente vai ser regulado, que é do nosso porte, que é da nossa unidade Capim Dourado". Piva citou exemplos, como o de um paciente que é da Regional de Paraíso e que tem que buscar atendimento no Hospital Regional de Paraíso. Ou alguém que esteja com dor de cabeça e que precisa procurar ajuda em uma Unidade de Pronto Atendimento. "Se [uma pessoa] com dor de cabeça for para o hospital, ele estará fazendo os exames, tirando oportunidade de outros que estão com mais urgência. Então, a medida foi tomada para não causar um colapso na saúde pública". Na entrevista, ele também esclarece que portão está fechado para que seja feita uma triagem, já que por várias vezes ambulâncias chegaram no HGP e apenas deixaram os pacientes na unidade sem dar explicações. "A gente não deixou nenhum paciente desassistido. O portão está sendo fechado é justamente para não chegar lá e só deixar o paciente e ir embora. A gente quer saber qual o porte do paciente e orientar ele para ir a unidade certa ou entrar no hospital". Além do HGP, há outros 17 hospitais de referência para os municípios tocantinense, como o de Paraíso, Porto Nacional, Araguaína e Gurupi. Antes da pandemia, o HGP atendia de 20 a 30 pacientes por dia. O secretário explicou que após a pandemia, a unidade passou a receber de 70 a 80 pessoas diariamente. "A maioria sem critério nenhum. Quando foi feito isso [fechar o portão] abaixou para 12 a 20 pacientes. Estamos voltando a normalidade". Questionado porque a nova medida não foi comunicada à população antes de ser implementada, o secretário responde esse formato de atendimento "sempre existiu, as pessoas que não cumpriam".
Hospital 'não é supermercado'
Durante uma solenidade de entrega de máquinas agrícolas no Palácio Araguaia, na manhã desta terça-feira (16/11), o governador em exercício Wanderlei Barbosa afirmou que hospital não é supermercado para fechar as portas. "A condição que o HGP foi colocado esse final de semana eu não tenho concordância. Fechou-se as portas e recebendo alta complexidade. Nós não podemos ter hospital de porta fechado. O Tocantinense quando vai, o hospital não é um supermercado que você fecha e espera o outro dia, a doença não espera", afirmou. Ele também disse que não estava sabendo da mudança de atendimento do HGP. "Falei isso para o secretário da saúde ontem que não tinha me comunicado, eu não tive concordância e convoquei para uma reunião às 17 horas [...] porque eu vi um incômodo na classe política, mas principalmente nos nossos servidores que atendem o HGP", afirmou.
Pacientes no corredor
Nesta segunda (15/11) o g1 e a TV Anhanguera mostraram que pelo menos 26 pessoas recebiam atendimento improvisado nos corredores do HGP. Imagens feitas pelos próprios pacientes dentro da maior unidade pública do Tocantins mostraram que, sem maca, era necessário deitar em cadeiras ou até mesmo no chão. "Essas imagens que vocês passaram foram feitas antes da nossa medida.[A ocupação no] corredor está diminuindo. Tínhamos 90 pacientes no corredor, a equipe diminuiu 53% de pacientes do corredor. Se você for no hospital hoje, não está desse jeito [...] A sala vermelha diminuiu, temos três leitos de UTI vagos hoje". Muitos pacientes estão internados à espera de cirurgias eletivas que foram suspensas durante a pandemia. O secretário disse que em alguns hospitais, os leitos de UTI Covid serão desativados e transformados em leitos cirúrgicos. Piva afirmou que nesse mês, serão abertos mais 22 leitos de UTI e que haverá credenciamento de leitos privados. "Vamos aumentar leitos de UTI e priorizar cirurgias eletivas e atendimento ao paciente". Ao final da entrevista, ele disse que a saúde tem dívidas na ordem de R$ 130 milhões. "Temos dívidas, temos R$ 130 milhões em aberto, o governador pediu para a gente fazer um estudo, começamos a fazer pagamentos. Tínhamos pagamentos atrasados do mês de fevereiro, de maio. Temos prioridades para pagar esses fornecedores para eles não pararem de fazer entregas. [...] Quero um corredor vazio, fazendo cirurgias eletivas e a população sendo atendida".