Indígenas abandonaram as aldeias, no município de Tocantínia, região central do estado, e estão acampados em regiões de mata distantes do rio Tocantins por medo das enchentes. Em várias regiões do estado, famílias ficaram desabrigadas e carros submersos em decorrência das fortes chuvas. Em alguns locais, como Miracema do Tocantins, casas ficaram praticamente submersas. Gildene Hirêki Silva Oliveira Xerente mora na aldeia Varjão, localizada a 250 metros do rio Tocantins. Ela relatou que nove famílias que vivem no local saíram das casas e escolheram um ponto mais alto para se abrigar. "Estamos um pouco mais distantes porque estamos com medo do rio afetar a nossa comunidade porque a água está bem próxima. Tem também a aldeia Santa Cruz onde todos já saíram de lá". Gildene explicou que outros indígenas que possuem motocicletas e carros procuraram locais ainda mais distantes e seguros. Os indígenas da aldeia Varjão deixaram os pertences para trás. No local onde as famílias estão acampadas há apenas uma barraca. Eles tiveram que improvisar galhos de árvores e pedaços de lona para montar coberturas. "Estamos com uma barraca, os outros estão debaixo de lonas. Alimento aqui é zero". O cacique da aldeia Antonio Mrõkpité Xerente tem 88 anos. Ele disse que está preocupado já que a água está bem perto das casas na aldeia. "A gente está sofrendo. Estou cansado, chorando, com medo porque nossa aldeia está quase dentro de água. Só falta uns 15 a 20 metros para acabar de entrar. Estamos no mato, no meio da estrada, a cerca de 2 km da aldeia. Estamos sem transporte para subir mais um pouco". Na aldeia Cachoeira, a informação é que somente duas famílias estão em suas casas e cinco já se deslocaram para outras regiões. "A situação é preocupante, pois não temos nenhum acompanhamento, ou informações pela parte da Defesa Civil e demais órgãos", disse um indígena. O Corpo de Bombeiros Militar, por meio da Defesa Civil Estadual, esclarece que os indígenas Xerente de Tocantínia foram informados com antecedência sobre as enchentes na região. As informação e orientação aos moradores das aldeias ocorrem diariamente, inclusive, na Ilha do Bananal, caso haja a confirmação da necessidade de apoio in loco, os Bombeiros se disponibilizaram a ajudar.
Enchentes
O aumento no nível do rio Tocantins segue mantendo os municípios abaixo da Usina Hidrelétrica de Lajeado em situação de alerta. Em Tocantínia, a praia da cidade ficou submersa e os postes da orla quase desapareceram. A balsa que faz a travessia para Miracema suspendeu a operação por falta de pontos seguros para atracar. Devido ao grande volume de chuva na bacia do rio Tocantins as comportas da Usina Hidrelétrica de Lajeado estão abertas desde o dia 12 de dezembro. Consequentemente o nível subiu abaixo da barragem, impactando os municípios de Lajeado, Miracema, Tocantínia, Rio dos Bois, Tupirama, Pedro Afonso, Bom Jesus do Tocantins e Tabocão. Em Miracema do Tocantins, na região central, foi declarada situação de emergência. O governador em exercício, Wanderlei Barbosa (Sem partido), determinou medidas emergenciais para auxiliar cidades atingidas pelas cheias dos rios no estado. Nas regiões sul e sudeste do estado, a situação também é caótica. Em Paranã, na região sudeste, foi decretada calamidade pública. Desde a última sexta-feira (24/12) a metade sul do Tocantins já recebeu mais chuva do que era esperada para o mês de dezembro inteiro. No sábado (25/12) moradores da zona rural de Peixe, reigão sul, viveram momentos de tensão. Com as cheias, a água invadiu estradas e famílias ficaram ilhadas. Vídeos feitos em uma região conhecida como Zé Maria mostram carros praticamente submersos. Em outra imagem, um trator é usado para puxar um veículo que ficou tomado pela água. Um jacaré foi capturado no centro da cidade de Peixe, após córregos transbordarem. Segundo a Polícia Militar (PM), o animal silvestre foi visto em uma rua que ficou alagada.